Wednesday, July 23, 2008

Re: «Os pobres do estado»

Rui Ramos escreve:

"O que, precisamente, não se passa com os pobres: a esses é possível obrigar, como estão a descobrir os refugiados da Quinta da Fonte. Os pobres dependem do estado. Em troca de casa e de subsídios, encontram-se à mercê dos funcionários, e dos «especialistas» que os estudam e decidem o que mais lhes convém. e nada disto, curiosamente, parece perturbar os patronos da pobreza.
Os pobres, no actual regime social, são o que a discussão à volta da Quinta da Fonte revelou: uma espécie de cobaias sociais com que os burocratas e pensadores do estado Social fazem as suas experiências sociológicas. (…)"

[via Kontratempos e Blasfémias]

Eu não faço ideia a quem Rui Ramos se refere como "os patronos da pobreza", mas se ele se refere à "esquerda", esta (nomeadamente a mais "dura") sempre se preocupou com a questão do poder dos burocratas do "Estado Social" sobre os seus beneficiários. Só para dar um exemplo ,a canção "A Luta dos Bairros Camarários" (a 9ª desta lista) do Grupo de Acção Cultural (para quem não conhece, era uma espécie de grupo coral da UDP) gira exactamente à volta desse assunto.

13 comments:

Wyrm said...

Olha, tinha escrito um longo post sobre o assunto mas pronto, nem vale a pena.

A mim sempre me disseram que a cavalo dado não se olha o dente.

Anonymous said...

rui rio é o burocrata do estado social deste mês. curiosamente não se tem ouvido falar muito nele. Vamos ver se aquela experiência corre certo.

Anonymous said...

Devemos evitar a referência a etnias, raças, nacionalidades, cor da pele sob pena de podermos ser apelidados de racistas ou xenófobos. Mas isso não quer dizer que haja a chamada "discriminação positiva" que desresponsabiliza e desculpabiliza os actos criminosos.

Uma lei muito simples poderia ser implementada, e que NEM SEQUER PODERIA SER CONOTADA COM QUALQUER TIPO DE DISCRIMINAÇÃO RACISTA OU XENÓFOBA: Porque não cria o Governo uma lei que expulse automaticamente dos bairros sociais todos os indivíduos condenados por certo tipo de crimes, como: por tráfico de droga, de armas, assalto à mão armada? Acho, além disso, que o vandalismo contra o património público também deveria ser um motivo para expulsão de bairros sociais.

A medida serviria simultaneamente para melhorar o ambiente dos bairros sociais e reduzir o crime em geral: dentro e fora dos bairros. É indigno que algumas pessoas já recebam a nossa solidariedade e depois se portem como muitas vezes todos nós constatamos.

Há muita gente honesta e trabalhadora nos bairros sociais que está neste momento "refém" dos bandos e grupos de criminosos (não importa referir a etnia ou raça).

Quando acontece um crime no bairro ninguém sabe de nada; ninguém viu nada. Sabem porquê? Será falta de solidariedade? Não! É medo, medo de represálias.

Os criminosos não devem ser premiados com uma habitação social; quanto muito uma cela seria o "prémio".

Zé da Burra o Alentejano

xatoo said...

"desresponsabilizar e desculpabilizar os actos criminosos"
nenhuma comunidade pode ser segregada como um todo, colectivamente, por actos isolados praticados por alguns dos seus membros

Anonymous said...

Correcção:

"nenhuma comunidade [incluindo os skinheads] pode ser segregada como um todo, colectivamente, por actos isolados praticados por alguns dos seus membros".

Assim está mais completo e pertinente, penso eu.

Miguel Madeira said...

«"nenhuma comunidade [incluindo os skinheads] pode ser segregada como um todo, colectivamente, por actos isolados praticados por alguns dos seus membros".»

«Assim está mais completo e pertinente, penso eu.»

Apesar de tudo, há uma diferença entre ser negro, branco, cigano, indiano, alentejano, "bairro pontaleiro", monchiqueiro, etc. e ser skinhead, anarca, bloquista, apoiante do PSD, zulu (refiro-me à tribo urbana, não à tribo africana), rapper, gótico, etc. - no segundo caso, resulta de uma escolha individual, o que leva a supor que, por parte do individuo haverá alguma auto-identificação com as atitudes dominantes do grupo

(No caso de católicos, muçulmanos, protestantes, etc., não sei bem em que grupo os incluir)

Anonymous said...

"o que leva a supor que, por parte do individuo haverá alguma auto-identificação com as atitudes dominantes do grupo"

Diz bem, "alguma". Não toda. Os skinheads, em primeiro lugar, dizem-se nacionalistas e nem sei se faz sentido dizer que é uma escolha individual (se atendermos ao meio onde cresceram, família, condições sociais, etc). E direi que uma grande maioria deles não defende "mesmo" o extermínio de grupos étnicos, mas simplesmente maior homogeneidade nas ruas que frequentam. Ou seja, não sei se se poderá mesmo falar em identificação com os "líderes" da "comunidade skinhead". Na prática, não há.

Em todo o caso, parece-me evidente que nuns casos não há problema em generalizar-se, e noutros é mal visto fazê-lo.

Anonymous said...

filipe abrantes não generalizar no caso dos skinheads que são um grupo auto estereotipado parece-me uma modalidade acrobata de politicamente correcto ao extremo.

Anonymous said...

ferro, estou apenas a ser original, o mecanismo no entanto é o mesmo: evitar generalizações ditas abusivas com canduras ingénuas.

Do tipo: "na Kova da Moura não há insegurança, é gente maioritariamente honesta e pacífica, muitos trabalham e não roubam os brancos". Isto em rigor até deve ser verdade, mas quem diz isto perante a afirmação "na Cova da Moura é só ladrões e bandidos, nem pensar lá passar de carro sequer", pretende mascarar os reais problemas de delinquência, muito acima da média, nas pessoas vindas de bairros como a Cova da Moura.

A grande maioria dos skinheads (e ainda mais, nos simples defensores de ideias nacionalistas) tem um cadastro virgem e nem pensa vir a cometer crimes. É gente que, utopicamente (?), apenas espera sentado que haja tipo um Salazar nas forças armadas que faça um golpe de estado ou coisa parecida.

Anonymous said...

Não creio estar certo onde pretende chegar. Eu acho que o que o miguel madeira (e o xatoo) defendem é que se há responsabilidades a assacar estas são individuais como em qualquer caso com qualquer cidadão. Penso que até a direita defende isso?

Anonymous said...

Filipe Abrantes:

a tua última frase é uma meia-verdade. os "simples defensores de ideias nacionalistas" poderão ser pacíficos, mas ser skinhead implica acção. Há rituais para aceitação no grupo que implicam que alguém que queira ser skinhead aja com violência.
Pelo menos é o caso em Portugal em que os skinheads são afoitos à HammerSkin Nation.

Assim sendo, um skinhead não é só uma pessoa de um grupo onde calhou inevitavelmente "(se atendermos ao meio onde cresceram, família, condições sociais, etc)", mas sim um nacionalista (ou comunista , que ou apolítico, que também os há) que decide agir com violência. Como qualquer um te dirá: "não é o bomber e a cabeça rapada que fazem o skinhead, é o gosto por andar à porrada "

xatoo said...

exactamente
os sinkheads são um gang de delinquentes, não uma comunidade. (leia-se, no sentido marxista do termo) Aliás, a própria Constituição Portuguesa A.C. (antes de cavaco) proibia a existência de grupos de extrema direita; logo, o seu simples existir públicamente é crime.
mas enfim, as palavras servem para tudo e fazem-se jogos giros com elas

Anonymous said...

tarique e xatoo: sei de fonte certa que apenas 3 ou 4 gajos dos hammerskins foram alvo de queixas até hoje. A maioria é pessoal que vive noutra galáxia, tipo cromos, que vão a concertos e manifs e esperam pela vinda de um salvador que "limpe esta merda toda". Mas concedo ao xatoo que o simples facto de formarem uma pequena comunidade de ideias proíbidas constitui um "crime" segundo a CRP (será que o tarique vai dizer que "o Estado [que pune o associativismo X] é o melhor amigo dos anarquistas/esquerdistas/libertários" neste caso?).

"Como qualquer um te dirá: "não é o bomber e a cabeça rapada que fazem o skinhead, é o gosto por andar à porrada""

Das afirmações à realidade vai um grande passo. E o que conta são os factos.