João Pereira Coutinho escreve:
Eis o programa para a tarde de hoje, em Lisboa: umas dezenas de ‘humanistas’ vão protestar contra a lapidação de uma mulher no Irão. Para que servem estes cortejos? Para travar a barbárie? Duvidoso. Estas selvajarias, recorrentes no Islão ‘pacífico’, só se travam pelo fim dos regimes teocráticos que reinam por lá. E a menos que haja um milagre interno (uma vitória da oposição; um movimento ‘iluminista’ dentro do Islão; o repúdio expresso da herança Khomeini; e etc.), o fim destes regimes consegue-se por intervenção externa. Estarão os manifestantes desta tarde interessados em repetir as aventuras do cowboy Bush?
[Via 31 da Armada]
Em primeiro lugar, já houve, noutros países, vários casos de condenados à lapidação que foram salvos devido provavelmente aos protestos internacionais.
E, em segundo (e deixando de lado a tautologia "esses regimes só caiem por intervenção externa a menos que sejam derrubados por dentro"), como é que as intervenções externas resolvem essas situações? No Afeganistão, a sharia continua em vigor; no Iraque, a intervenção externa derrubou um regime secular abrindo caminho às milícias xiitas e sunitas (para não falar das seitas não-muçulmanas, que não são propriamente secções locais da Amnistia Internacional).
[Publicado também no Vias de Facto; podem comentar lá se quiserem]