Pela lógica, os empregadores deveriam adorar a instituição dos subsídios de férias e Natal - afinal, se em vez de pagarem 1.166,67 euros todos os meses, pagarem só 1.000 euros por mês, e mais 1.000 euros em duas ocasiões especiais (em Junho e Novembro, p.ex.), dá para, ao longo do ano, ir pondo de lado o dinheiro para os subsídios, investi-lo em aplicações, e quando chega finalmente a altura de pagar os subsídios, já se embolsou alguns juros. Pela razão oposta, os trabalhadores deveriam detestar esses subsidios - se em vez de receberem 1.000 euros pelas férias, e mais 1.000 pelo Natal, recebessem mais 166,67 euros todos os meses, daria para investirem esse dinheiro, e quando chegasse a altura já teriam mais do que os 1.000 euros de subsidio que recebem.
O paradoxo que refiro no título é que, no mundo real, as preferências de empresas e trabalhadores sobre isso parecem ser exactamente o oposto da lógica.
Em tempos eu tive uma conversa com o genro de um pequeno empresário que pode lançar alguma luz sobre o assunto:
Ele - O meu sogro diz que lhe dava muito mais jeito se pagasse todos os meses, em vez de ter que pagar os subsídios de férias
Eu - Mas isso é uma questão de, todos os meses, quando paga os ordenados, por logo de lado uma parte para os subsídios; até a pode investir
Ele - Pois, mas uma pessoa vê lá o dinheiro na conta...
Ou seja, o grande problema com o subsidio de férias (para o patrão) ou com a integração do subsidio de férias no ordenado (para o trabalhador) é que, pelos vistos, ambos têm dificuldade em olhar para uma conta bancária com um saldo de "X" e pensar "só posso gastar Y, porque o [X-Y] é para o subsidio/para as despesas das férias".
Wednesday, April 18, 2012
O paradoxo dos subsidios de férias e Natal
Publicada por Miguel Madeira em 19:57
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3 comments:
O que denota da disciplina e rigor próprios dos portugueses em geral. É por isso que as contas publicas e privadas estão como estão. Nunca teremos superávites em anos de forte crescimento económico.
Tinytino
Bem observado!
Claro que agora a perspectiva é outra: a extinção pura e simples dos subsídios...permitiria às empresas baixar substancialmente os seus custos, particularmente nas empresas trabalho intensivas.
O não incluir os sub. de férias e natal todos os meses nna remuneraçãodo trabalhadorv é passar um teste de incompetência .
O sistema actual de pgto dos sub é completamente estupido e somente serve a entidade patronal.
José Pavão de Sousa
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