O Carlos Guimarães Pinto expõe uma teoria sobre a causa do baixo empreendedorismo em Portugal (altas impostos e taxas, e talvez os regulamentos da ASAE).
De novo, voltamos ao problema do que é "empreendedorismo" - se "empreendedorismo" é abrir empresas, convém lembrar que o Zé empreende muito mais do que o Joseph ou que o Josef (em Portugal há muito mais empresas por habitante que nos EUA ou no norte da Europa - e o Yusuf da Turquia provavelmente empreende ainda mais). A menos que com "empreendedorismo" queiramos dizer não "abrir empresas", mas sim "abrir empresas com produtos/processos de fabrico/métodos de venda inovadores".
Mas, se é assim, temos que ter em atenção que a questão "porque é que o Zé não empreende?" não deve ser lida como "porque é que o Zé não abre uma empresa?", mas sim como "porque é que o Zé abre um café em vez de uma empresa inovadora?"; mas não me parece que a explicação do CGP seja apropriada para isso - afinal, suponho que os impostos e afins são potencialmente tão desincentivadores para abrir um café como para abrir uma empresa inovadora.
É verdade que o Carlos se refere especificamente ao baixo empreendedorismo entre os jovens licenciados, mas:
a) serão assim tão poucos os jovens licenciados que abrem empresas? Não faço ideia se são ou não, mas seria interessante conhecer uma estatística do género "% de pessoas com formação superior e menos de 35 anos que são empresários" para vários países da OCDE
b) mesmo que haja pouco "empreendedorismo" entre os jovens licenciados, os motivos que o Carlos apresenta deveriam produzir baixo "empreendedorismo" em todos os estratos demográficos, o que não é o caso
Wednesday, April 24, 2013
O Zé não empreende?
Publicada por Miguel Madeira em 01:28
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2 comments:
Acho que nestes posts o "empreendedorismo" é apenas outro termo para 'riqueza', ou 'produtividade' (usando a mesma liberdade linguística que outros usam para usar 'competitividade' no mesmo sentido). Um problema adicional com esta formulação é que a carga fiscal em Portugal está (ou estava, até há bem pouco tempo) abaixo da média dos países que tinham mais produtividade ou maior crescimento da produtividade.
Miguel, repara que o post parte do pressuposto que o Zé cumpre as suas obrigações fiscais. Obviamente ninguém o faz e por isso é que existe uma distorção no tecido empresarial: abrem-se muito mais empresas em áreas onde é fácil fugir aos impostos (restauração, pequena construção civil, enfim sectores que funcionam a dinheiro). A criação de empresas de consumo intermédio onde a necessidade de facturação faz com que seja mais difícil fugir aos impostos, são desincentivadas.
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