Há tempos, Simon Wren-Lewis escrevia:
“In the end, you are either a big-state person, or a small-state person, and what big-state people hate about austerity is that its primary purpose is to shrink the size of government spending.”
So said Jeremy Warner (assistant editor of the UK’s Daily Telegraph) last year. Jeremy is a small state person, and I think many other small state people think like this. But the statement is wrong. There are a large number of people - I suspect the vast majority - who do not have any prior view about the size of the state.
In many ways the bipolar view harks back to a bygone age, where - at least in Europe - there actually was a large constituency on the left that wanted a large state as a matter of principle. In the UK that constituency lost all its influence with Margaret Thatcher and New Labour, and it has also lost its influence in the rest of Europe. However this decline in the influence of big state people on the left was matched by a rise to power on the right of those who want a small state as a matter of principle. George Osborne’s plan for the UK over the next few years is the apotheosis of this neoliberal view.
Na verdade eu suspeito que mesmo nos anos 70 nunca houve ninguém que defendesse o "Estado grande" por príncipio - veja-se que as mesmas pessoas que, no Reino Unido dos anos 70, queriam nacionalizar quase tudo também se opunham às tentativas governamentais (que vieram a ser consumadas por Thatcher) de restringir o direito à greve (ou seja, nessa aspeto eram contra a intervenção do Estado).
No geral, quem defende a intervenção do Estado para atingir um dado objetivo prefere a não-intervenção à intervenção para atingir um objetivo de sinal contrário - quem defende restrições à imigração por norma é contra leis anti-discriminação, quem é a favor de leis anti-discriminação tenderá a ser contra restrições à imigração, quem defende uma política de proteção ambiental será contra o uso do poder de expropriar para contruir oleodutos, etc.
Por vezes alguns liberais escrevem que os estatistas acabam sempre por entrar em conflito uns com os outros, mas eu iria mais longe - os "estatistas" começam por entrar em conflito uns com os outros (porque nem sequer é uma questão de, depois de derrotarem os liberais, as várias facções estatistas se enfrentarem - os estatistas preferem aliar-se com liberais do que com estatistas de sinal contrário).
Já agora, creio que isso demonstra que as tentativas de redefinir o espectro político pelo eixo de "mais governo vs. menos governo" (seja nas versões "cima - menos governo / baixo - mais governo", "esquerda - menos governo / direita - mais governo" ou "direita - menos governo / esquerda - mais governo") não fazem grande sentido na prática: não tem lógica inventar alinhamentos em que pessoas que nunca concordam entre si estão juntas num lado e no lado oposto estão pessoas que umas vezes se aliam a uns ou a outros (seria como dizer que o principal alinhamento da II Guerra Mundial era de um lado países participantes - como o Reino Unido, a Hungria, a URSS e a Alemanha - e do outro os países neutros - Suiça, Suécia, Portugal. etc.). Por alguma razão coligações conservadores+liberais e socialistas+liberais são mais comuns do que coligações conservadores+socialistas (mesmo apesar dos atuais governos alemão e grego).
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