Monday, January 16, 2006

A "bomba" iraniana

Há uma grande polémica acerca de como travar o programa nuclear iraniano: recorrendo às Nações Unidas? Atravéz de um acção unilateral dos EUA (e/ou Israel)?

Em primeiro lugar, é curioso que quem mais defende essa espécie de "gun control" à escala internacional serem, muitas vezes, os mesmo que mais se opõem (e às vezes com bons argumentos) ao "gun control" no ordem interna.

Que grande mal ao mundo do Irão ter a "bomba"? Será que a vai usar contra os seus vizinhos? Vamos lá ver: os EUA usaram a "bomba" contra o Vietname do Norte? A URSS usou a "bomba" contra a Hungria em 1956? A China usou a "bomba" contra o Vietname em 1979? A India usou a "bomba" contra o Paquistão em 1971?A África do Sul usou a "bomba" contra os países da "Linha da Frente"? Israel usou a "bomba" contra os árabes? Não. O único ataque nuclear da história (ou os 2 únicos) ocorreu em 1945 - depois, não houve mais nenhum. Mesmo nos conflitos entre potência nucleares (China-URSS, India-Paquistão em 1999), não houve nenhuma guerra nuclear.

Porquê? Porque qualquer país que usasse armas nucleares sabia que seria varrido do mapa por um contra-ataque. Nem era preciso que a "vítima" tivesse armas nucleares: o sistema internacional de alianças garantia protecção mesmo aos países não-nucleares. Os bombardeamentos de Hiroxima e Nagasaki só foram possíveis porque apenas um país (os EUA) tinha armas nucleares na altura.

Poder-se-á argumentar que todos os exemplos que eu dei ocorrerem entre países com governos "materialistas-seculares" (fossem "capitalistas" ou "comunistas"), que nunca se iriam lançar na auto-destruição. Pelo contrário, um governo "religioso" não terá problemas com isso - afinal, o que interessa é a vida eterna...

Em parte é verdade (aliás, se a Guerra Fria tivesse sido, não entre os EUA e a URSS - e respectivos aliados - mas entre os EUA e uma Alemanha nazi vitoriosa, acho que era mais provável que se tivesse tornado "quente" - o "misticismo" nazi lançaria-se mais facilmente numa guerra total do que o "materialismo" comunista). Mas, mesmo assim, nenhum governo islâmico fundamentalista se lançou numa guerra que soubesse que iria perder (os talibans e o 11 de Setembro não conta, já que o ataque foi lançado por uma força não-estatal, a al-Qaeda).

Além disso, covém lembrar que o Irão é um dos países mais parecidos com uma democracia que há na região - o actual presidente não é um "senhor absoluto", como era, p.ex., Saddam Hussein do Iraque, o que diminui consideravelmente as hipoteses de um ataque nuclear por capricho.

Quer isto dizer que não há mal nenhum em o Irão ter armas nucleares? Não, não quer dizer. Seria muito melhor que não tivesse armas nucleares, mas o perigo que representa um Irão nuclear talvez seja claramente inferior aos custos (humanos, politicos, económicos) de uma hipotética acção militar contra o Irão.

1 comment:

sabine said...

Não consigo viver num mundo onde SO os Estados Unidos & aliados podem ter armas nucleares. Para mim é simples: NINGUEM devia ter armas nucleares! E nao gosto nada do novo presidente do Irão. Não confio nele!
(esta historia do Irao é parecida com a do Iraque. Quer num caso quer noutro sou contra quer ao regime que governa quer contra o pesamento "ocidental" / EUA). Como é possivel em pleno seculo XXI vivermos somente de extremismos!! Ninguem aprendeu nada com a historia do seculo XX. E sim: o Holocausto existiu!!