Wednesday, September 24, 2008

Re: E mais ainda sobre a crise

Devo fazer notar que o problema não surge apenas porque os bancos pedem dinheiro emprestado a curto prazo (como os depósitos à ordem) e concedem crédito a longo prazo, embora isso em si seja parte do problema, mas...o principal é que:

Os Bancos (induzidos pelo Banco Central) para conceder crédito, simplesmente criam o dinheiro por puro movimento contabilistico o que significa que para conceder crédito a um dado investimento nenhuma poupança foi mobilizada.

Ou seja, neste processo de aumento de crédito por pura criação monetária não existe nenhum papel de intermediação entre poupança e investimento, e isso introduz um erro na economia e nos seus agentes que acaba a provocar ciclos de expansão e até bolhas que depois provocam crises financeiras e recessões económicas.

Leitura: Mises, Credit Expansion

E esta simples razão está na origem de todas as crises conhecidas no passado e no presente.

6 comments:

Anonymous said...

incluindo da grande depressao?

quando estudei a grande depressao houveram varios factores a intervir.

CN said...

Sim claro.

Repare, todas as bolhas são o resultado de um erro económico de avaliação da capacidade de investimento dado a poupança real existente.

Isso tem lugar porque as "contas" são baralhadas quando o sistema bancário começa a expandir o crédito por criação monetária.

Se o investimento é realizado sem o recurso a poupança real e voluntária, algo irá ceder mais tarde.

Na fase inicial e de maturidade, a economia parece estar a crescer, a confiança atinge por vezes o irracional e de repente alguma cosia acontece.

O que acontece é que a relação entre poupança e investimento foi deturpada e tem de dar lugar à liquidação, entrando as forças de contração monetária (falências bancárias) e descida de preços.

Anonymous said...

cn surge-me uma dúvida, se não há actualmente possibilidade de realizar crédito sem falsificar as contas, isso não significa que o capitalismo está a viver acima das suas capacidades?
O bem estar actual, que depende e muito dos padrões maçiços de consumo e do fortíssimo investimento manter-se-ia numa sociedade com as contas equilibradas?

CN said...

A expansão do crédito por criação de moeda tem esse efeito de fazer temporariamente "viver acima das suas capacidades."

Daí os ciclos económicos.

Contas equilibradas e sem ciclos seria o crédito ter lugar por intermediação pura com a poupança existente.

Os bancos centrais, claro têm pouco ou nada de capitalista e se calhar pouco de socialista também.

Anonymous said...

entao a especulaçao tambem esta por detras disso? desse "viver acima das possibilidades".
nao sao so os bancos centrais , mas a interaçao entre bancos centrais comerciais e financeiro?

eu pelo crescimento estavel, só se deve fazer as coisas tendo em conta a situaçao actual (bens, infraestruturas etc etc), e nao numa provavel situaçao futura que muitas vezes é imaginada nos corredores das bolsas.

Anonymous said...

isso é interessante dado o postulado vigente que o capitalismo traria riquezas sem limites e que o capital não é um jogo de soma nula.