Há anos que circula uma história segundo a qual os funcionários públicos ganham mais do que no privado, e que a diferença será mais favorável aos funcionários públicos sobretudo nos escalões de mais baixos rendimentos.
Eu sempre achei essa história muito estranha - afinal, se até à pouco tempo as telefonistas na Função Pública ganhavam menos que o salário minimo nacional, e grupos profissionais como os auxiliares de acção médica têm vencimentos de inicio de carreira pouco acima do SMN, como era possivel que os trabalhadores equivalentes do sector privado ganhassem substancialmente menos?
Entretanto, pelo estudo divulgado hoje, e comparando vencimentos em categorias equivalentes no sector público e no privado (ver páginas 69 e 70), e enviado pelo governo aos sindicatos, concluímos que essa história era uma farsa (ou então usavam uma definição de "escalões mais baixos" muito diferente da minha):
Afinal, ao contrário do mito, os Assistentes Operacionais (telefonistas, operários, auxiliares de acção médica, etc.) ganham menos no Estado do que os seus equivalentes no provado, e os Assistentes Técnicos (empregados de escritório) ganham sensivelmente o mesmo; é em categorias mais elevadas (como Técnicos Superiores e chefias intermédias) que se encontram profissionais a ganhar remunerações base substancialmente mais elevadas no público do que no privado. Se em vem das remunerações base, contarmos com o ganho médio mensal, aí não me parece que em nenhum escalão da FP haja grupos profissionais a ganhar de forma assinalável mais do que no privado (é verdade que aí, realmente, as chefias de topo parecem ganhar muito menos no Estado do que no sector privado, mas nem sei se os poderemos considerar como situações verdadeiramente comparáveis).
[Post publicado no Vias de Facto; podem comentar lá]