Greece again, por John Cochrane:
There are two original sins in the euro, neither having to do with fiscal union. The first is that each country has its own banks, and each government uses its banks as piggybanks to stuff with government debt. European bank regulators and Basel regulations treat sovereign debt as risk free. Then, if the government defaults, the whole banking system is dragged down with it. The second is the endlessly repeated fallacy that government default means the country must change the units of its currency. If Chicago defaults on its debts, nobody thinks it must introduce a new currency, or that Chicago's banks will fail.
A currency union needs a banking union, or at least banks that are not stuffed with government debt. A currency union needs to let sovereigns default without changing currencies or paralyzing the banking and payments system. A currency union needs a banking union.
Uma coisa que ainda não percebi (e se calhar até é sigilo bancário) é se os bancos gregos estão particularmente expostos à dívida pública grega - à partida, numa união monetária, e se os bancos fossem bem geridos, não haveria razão para os bancos do país A possuirem mais dívida pública do Estado de A do que os bancos dos outros países. O lógico seria os bancos de qualquer país da zona monetária terem uma carteira de investimentos incluindo dívida de todos os Estado, distribuída de forma a maximizar a relação rentabilidade-risco (ou seja, a percentagem do seu capital que um banco finlandês tem investido em dívida pública grega não deveria ser muito diferente da percentagem de capital que um banco grego tem em dívida pública grega) - ou se houvesse alguma relação, até deveria ser de os bancos gregos investirem menos em dívida pública grega do que os bancos dos outros países; o motivo - em caso de falência do Estado grego muitos dos negócios em que os bancos gregos estão envolvidos irão ser afetados (devedores que irão à falência e não podem pagar as dívidas; depositantes que ficarão perto da falência e terão que levantar o dinheiro do banco para não passarem fome, etc.), logo para reduzir o risco global (e numa lógica de não pôr os ovos no mesmo cesto) os bancos gregos deveriam investir menos em dívida pública grega do que, p.ex., os bancos belgas.
2 comments:
Eu imagino uma razão para os bancos de um país terem um valor muito superior da dívida desse país (pelo menos era certamente esse o caso dos bancos portugueses na altura da chegada da troika, que tinham uma percentagem da nossa dívida que representava uma percentagem dos seus activos muito mais alta que a da banca internacional - de outra forma a banca portuguesa teria uma percentagem ínfima da nossa dívida, igual à razão dos seus activos face aos activos da banca europeia ou mundial).
A razão é a seguinte: além da estimativa do risco associado a uma determinada dívida, existe uma estimativa do risco de calcular mal essa estimativa, por desconhecer a realidade local, os meandros políticos e económicos, etc... Parece natural que os bancos locais tenham mais confiança nas suas próprias estimativas de risco do que os bancos internacionais.
Da mesma forma que muito do investimento não é tão móvel assim: se a rentabilidade de um restaurante fosse igual em Portugal e Angola, seria muito mais provável que um investidor português na área da restauração preferisse investir em Portugal, e um angolano em Angola - são realidades que conhecem melhor.
Claro que esta crise toda até permite sermos um pouco mais cínicos e acrescentar: não é preciso que os bancos locais conheçam efectivamente melhor a realidade local que os restantes - basta que acreditem que conhecem melhor a realidade local que os restantes.
Miguel, acho que não há nenhuma explicação consensual para esse facto. O home bias dos bancos é um pouco como a rigidez de preços na economia: um facto empírico bem estabelecido, com mais prováveis consequências macroeconómicas, mas para a qual não há uma explicação simples. http://www.voxeu.org/article/determinants-banks-home-bias
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