Thursday, March 09, 2006

Poemas felinos

Eu estava a pensar pôr um poema sobre gatos num post que vou escrever (sobre a problemática de qual é o melhor estilo de vida para um gato) mas agora estou na dúvida: é que isso já está muito visto (além de correr o risco de violar os direitos de autor dos herdeiros de Elizabeth Coatsworth, agora ainda posso ser acusado de violar alguma patente conceptual).

13 comments:

Anonymous said...

lol patente conceptual? esta é nova, o que irão inventar a seguir?

é altura de acabarem com todo o tipo de patentes. um texto dizia que são bombas inteligentes, e diz bem.

é altura de derrubar a concepção idealista que o liberalismo tem do homem.

já viu o que era o homem que descobriu que a formula da agua é H2O, ou seja a composição da agua, a patentiasse?
por esta altura estariamos a pagar ao homem...
é o que certa malta está a preparar-se para fazer com especies inteiras, plantas e animais.

já nem os animais escapam, e muito menos conhecimentos ancestrais que toda a gente sabe são pertença da humanidade.

o exemplo mais flagrante que eu conheço é de uma tribo africana que usava uma planta para suportar a fome, visto que esta tirava o apetite e a sensação de fome. um homem achou piada e foi investigou o que fazia aquilo. ele lá isolou a proteina responsavel, e agora patenteou-a e não vai dar nem um centimo à tribo.

sabine said...

Uma leitura recomendada (ou recordar é viver:
http://dn.sapo.pt/2006/03/09/opiniao/cinquenta_labregos.html

Miguel Madeira said...

Já ouvi dizer que Portugal é o único pais que comememora uma derrota (a batalha de La Lys)

Miguel Madeira said...

"já viu o que era o homem que descobriu que a formula da agua é H2O, ou seja a composição da agua, a patentiasse?
por esta altura estariamos a pagar ao homem..."

Havia um "libertarian" norte-americanos (i.e., aquilo a que na Europa chamariamos um "liberal"), Andrew Galambos, que defendia isso mesmo. Sempre que nos discursos dele usava a palavra "liberty" punha dinheiro numa caixa para, eventualmente, entregar aos herdeiros de Thomas Paine (não percebo a lógica, porque a palavra já existia há seculos ou milénios antes de Paine).

Quando explicava as suas ideias a alguém, exigia que a outra pessoa assinasse um contrato comprometendo-se a não divulgar as ideias a outros ou utilizá-las sem autorização dele. Não admira que as suas ideias nunca tivessem tido grande popularidade - afinal, os seus discipulos não podiam fazer propaganda do "galambosianismo": isso era considerado uma violação da propriedade intelectual de Galambos.

Anonymous said...

lol

ao ridiculo que algumas pessoas chegam... isso faz-me lembrar as criancinhas.

tomas paine não pensava dessa maneira.

Anonymous said...

"é altura de acabarem com todo o tipo de patentes." E porque não com todas as vendas de arte? Afinal, um quadro também é propriedade intelectual do artista, por isso é que ele pode vendê-lo e assim ganhar dinheiro com o seu trabalho! Vamos então doá-los ao mundo!?
(As ideias têm valor, o trabalho intelectual tem que ser remunerado de alguma forma; pensar o contrário é não respeitar as ideias alheias)

Miguel Madeira said...

"Afinal, um quadro também é propriedade intelectual do artista, por isso é que ele pode vendê-lo e assim ganhar dinheiro com o seu trabalho!"

Um quadro é propriedade física do artista (pelo menos, enquanto ele não o vender/oferecer), não apenas propriedade intelectual.

Mas é verdade que o CMF tem um ponto válido: sem propriedade intelectual, um artista/escritor/cientista continuam a poder vender o quadro/livro/fórmula quimica que pintou/escreveu/descobriu, mas apenas esse: um escritor pode vender apenas o livro que, fisicamente, escreveu, mas qualquer outra pessoa pode tirar cópias do livro e vender essas cópias, o que, de qualquer forma, iria reduzir bastante o rendimento do escritor.

Note-se que há uma diferença entre "patentes" e "direitos de autor", embora se possa argumentar que os argumentos a favor e contra ambos são mais ou menos os mesmos.

Anonymous said...

caro cmf,

acabar com as patentes em nada significa que o autor não seja remunerado.
embora isso não me preocupe, visto ser anarquista, e dinheiro não me dizer nada.
as ideias não tem valor por si proprias, o mercado é que dá valor às ideias. de resto há ideias e muitos autores bons que ficaram na miseria, apesar disso continuaram a trabalhar. exemplos não faltam.

quer saber o que penso sobre a venda de arte?
leia hakim bey, está por aí na net para se ler à borla.

para si pode ser "não respeitar as ideias alheias", para mim é respeitar o caracter existencialista das ideias.

estou a imaginar o grupo que começou o cubismo a pedir cotas por cada quadro cubista que outro pinte.

Miguel Madeira said...

"acabar com as patentes em nada significa que o autor não seja remunerado."

"embora isso não me preocupe, visto ser anarquista, e dinheiro não me dizer nada."

Mesmo para alguém que seja contra o dinheiro, a questão da remuneração pode ser importante numa prespectiva "transitória": se tudo fosse grátis, não haveria problema em os "autores" não serem remunerados, mas, num mundo em que se tem que pagar por quase tudo, não seria injusto que algumas actividades fossem remuneradas e outras não?.

Seja como for, a defesa dos direitos de autor está a atingir o absurdo: veja-se o caso de Dan Brown, do Código Da Vinci, que está a ser processado pelos autores de um dos livros em que ele se terá inspirado. Imagine-se que eu lia um livro de história sobre Roma antiga e, em função do que aprendia nesse livro, escrevia uma obra de ficção passada em Roma. Teria que pagar direitos ao autor do livro?

O que é mais caricato nesse caso é que as vendas de "O Sangue de Cristo e o Divino Graal" (o tal livro) aumentaram com a fama do Código Da Vinci - nem sei se a tradução portuguesa não terá saido só depois do sucesso do "Código". Logo, se calhar até faria mais sentido os autores do livro pagarem direitos a Dan Brown, em vez de o processarem...

Hoje ou no fim de semana eide fazer um post sobre isto.

Anonymous said...

já que estamos a falar de dinheiro e remuneração, existe uma coisa chamada copyleft.
isto garante que o autor seja remunerado.

Miguel Madeira said...

"já que estamos a falar de dinheiro e remuneração, existe uma coisa chamada copyleft.
isto garante que o autor seja remunerado"

Como assim? A ideia que eu tenho do copyleft é que apenas obriga a que os trabalhos derivados também tenham que ter copyleft (i.e, se alguém inventar, p.ex., um programa de computador e pô-lo em dominio público em regime de copyleft, qualquer aplicaçao que seja feita por terceiros a partir desse programa também terá que ser do dominio público, e assim em diante). Por si só, não vejo como isso resolve o problema da remuneração dos criadores (mas talvez seja o meu conhecimento do copyleft que seja um bocado reduzido).

Seja como fôr, no tal post que eu vou escrever, abordo o tema das remunerações. Não deve é estar pronto hoje (talvez amanhã ou segunda)

Anonymous said...

o copyleft tem duas vertentes, uma é a que exposeste, a outra refere-se a criações feitas com fins lucrativas.
neste ultimo caso, existem condições.

o creative commons funciona nesta base.(creativecommons.org)
até estou a pensar em fazer um trabalho para lá.

qaui está a forma como funciona:
http://creativecommons.org/about/licenses

Anonymous said...

só um detalhe, a creative commons é parcialmente copyleft.