Chris Dillow comenta que os jovens actuais já não fazem nada que choque os crescidos ("Punk was more rebellious and more disquieting to the establishment than anything we see today. Nobody of my generation is as appalled by dubstep as 40-somethings were by punk"). Bella Gerens responde que a culpa é dos baby-boomers (a nossa "geração de 60"), que fazem politicas que incentivam os jovens a serem submissos e depois queixam-se que os jovens são passivos.
Do outro lado do Atlantico também há quem se queixe que os jovens de hoje são muito "domesticados".
Para quem cresceu nos anos 80, essa conversa não tem nada de novo - nessa altura, era corrente nos jornais e revistas dizer-se que os jovens "de hoje" (i.e., de 1987) eram conformistas e conservadores em contraste com a rebeldia da geração dos seus pais (pelo menos uma série televisiva foi feita nessa premissa, e há também um cheirinho disso em filmes como este e séries como esta); embora a expressão "yuppie" (na medida em que ainda alguém a usa) hoje em dia signifique apenas "jovem urbano de classe média alta", nos anos 80 tinha muito a conotação de "certinho", "bom trabalhador", "de fato e gravata", etc.
Onde é que eu quero chegar com isto - pelos vistos nas últimas décadas tem se estado a estabelecer o hábito de dizer que as gerações seguintes são muito obedientes e conformistas.
Costuma-se contar muito a história de uma inscrição descoberta na Babilónia ou em Atenas dizendo "os jovens de hoje são desobedientes e já não respeitam os pais nem os mestres", dando a entender que desde sempre as gerações mais velhas se queixavam disso. Mas talvez hoje em dia a maneira de criticar a desobediência dos jovens (e exigir que estes sejam uma fotócopia dos adultos) seja, exactamente, acusá-los de.... serem obedientes (e assim estarem a violar o imperativo social da rebeldia juvenil).
Monday, June 11, 2012
Os jovens já não são rebeldes?
Publicada por Miguel Madeira em 04:33
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