Wednesday, April 19, 2006

Mais uma réplica à "Atlantico"


Basta passar uma vista de olhos por alguns textos "conservadores" para ver que isso não bate certo: p.ex., este texto de Jonah Goldberg, aonde este, para justificar a autoridade do Estado, dá o exemplo do suicidio, argumentado na linha"Irias impedir uma amiga de se suicidar? Claro. Então, se um individo pode impedir outro de se suicidar, também é aceitável que 1.000 individuos o façam. E, em vez de 1.000, porque não um policia, ou seja, o governo?" (tradução muito livre da minha parte). E Goldberg é um "conservador" da tradição americana e anglo-saxónica, que até são mais "individualistas" do que a média (se fossêmos aos conservadores continentais, então...).

Ou seja, se há ideologia que tem a mania de querer "proteger os indivíduos deles próprios", até é o conservadorismo (p. ex., são os maiores defensores da repressão contra os "crimes-sem-vitima"). Essa caracteristica é melhor vista se compararmos os conservadores com os socialistas: estes, frequentemente, também são fortes defensores do intervencionismo estatal, mas com argumentos na linha de "proteger os «fracos» dos «fortes»", não de "proteger o indíviduo dele próprio".

A menos que, claro, que o problema esteja nos "burocratas animados por uma ideologia de mudança social", e que, para a aliança conservadora-liberal, as decisões tomadas por "burocratas animados por uma ideologia de estabilidade social" já sejam aceitáveis.

4 comments:

sabine said...

Outra réplica à Atlantico:
http://insustentaveleveza.blogspot.com/2006/03/nota-maledicente-no-feminino.html

Pedro Viana said...

"as decisões tomadas por "burocratas animados por uma ideologia de estabilidade social" já sejam aceitáveis."

Claro.

Há muitos exemplos de intervencionismo estatal na esfera social defendidos por conservadores (já para não falar na esfera económica, onde o mais óbvio é a defesa da propriedade). Um dos mais evidentes e que contradiz frontalmente, sem volta a dar, o que é afirmado por Rui Ramos é a exigência dos conservadores que o Estado penalize (e criminalize) quer a aquisição quer o consumo (individual e privado) de drogas (sejam "leves" ou "duras"). Mas porque é que esta gente é tão falsa e não é capaz de dizer abertamente em que acredita?... Será que a mentira está nos genes da Direita?

Ricardo Alves said...

«A menos que, claro, que o problema esteja nos "burocratas animados por uma ideologia de mudança social", e que, para a aliança conservadora-liberal, as decisões tomadas por "burocratas animados por uma ideologia de estabilidade social" já sejam aceitáveis.»

Isso é verdade. E se forem padres também já não há problema algum.

Miguel Madeira said...

"E se forem padres também já não há problema algum."

Para falar a verdade, eu estive mesmo para escrever "teocratas animados por uma ideologia de estabilidade social", mas depois decidi deixar ficar o "burocratas".