Monday, October 26, 2009

Isto será literal ou metafórico?

Henrique Raposo no Expresso sobre os confrontos no Rio de Janeiro:

"O bandido que mandou abatér o helicóptero é idêntico aos cavaleiros medievais, aqueles que tinham sub-soberanias dentro dos reinos Na era das trevas, o rei era apenas o primus inter pares. Na prisão (...) esse cavaleiro 'favelado' é quase tão soberano como você, Presidente Lula. A favela é a soberania dele. Quem mandou meter um helicoptero no espaço aéreo do moço? Aqui na Europa, seu Lula, os reis só conseguiram controlar essas soberanias mafiosas pela via da porrada. Se o cavaleiro erguia uma muralha, o rei começava logo a brincar de Guilherme Tell com canhões fumegantes a catapultas feéricas. Você tem de fazer o mesmo, Presidente. Exprimente jogar napalm na favela, e mande o Coppola filmar o acto
Diga-se que não estava à espera, por parte de um liberal-conservador (e que me parece ter tendências anglófilas e francófobas, mas posso estar errado) de tanto entusiasmo pela destruição do feudalismo pelos reis (até há quem diga que a Revolução Francesa não passou da continuação disso - nomeadamente que o centralismo jacobino foi o desfecho do centralismo monárquico; acho que Tocqueville escreveu alguma coisa sobre isso).

1 comment:

Pedro said...

Não sei se o tipo é anglófono e/ou francófobo, pois outras pérolas "atlânticas" com que já brindou os incautos não indicam nada disso, ou simplesmente nada indicam...
De qualquer modo é uma imbecilidade anacrónica de todo o tamanho comparar o feudalismo ou o senhorialismo à miséria caótica donde surgiram estes bandos. A feudalização e vassalagem tiñham códigos éticos e de honra bem precisos e definidos e era o próprio rei quem concedia esses privilégios. Os conflitos surgiam apenas quando o rei com sua ambição absoluta (pós Idade Média) queria infringir os direitos senhoriais outrora conquistados em prol da colonização e povoamento dos territórios - à sememelhança daqueles que eram dados às cidades e vilas, de que é exemplo o caso do municipalismo português. Para além de apenas a ignorância chamar "idade das trevas" à Idade Média. Idade das Trevas é a que vivemos hoje, por mais "raposos" ululantes que por aí andem com sua prosápia paneleira e mentecapta.