Nos dois posts anteriores, assumi que a oposição ao liberalismo viria sobretudo "de baixo", dos eleitores de baixos rendimentos querendo redistribuir a riqueza.
Há um possivel argumento segundo o qual que o grande capital também poderá ser "anti-liberal", se se aceitar dois pressupostos:
a) as grandes empresas tem mais acesso aos decisores politicos que as pequenas
b) muitos dos motivos pelos qual os liberais dizem que o Estado é menos eficiente que o mercado (pouca inforamção dos decisores centrais, distorção dos incentivos, etc.) também implicarão que as grandes empresas sejam menos eficientes que as pequenas
Logo, se aceitarmos estes dois pressupostos (eu concordo com o primeiro, mas tenho dúvidas face ao segundo), seria de esperar que as grandes empresas tendem utilizar a sua maior influência politica para contrabalançar a sua relativa ineficiência económica, através de legislação que distorça a concorrência a seu favor (através de regulamentação, licenciamentos, patentes, etc.)
[a ala esquerda do anarco-capitalismo segue muito esta linha]
Mas, mesmo que aceitemos isso, provavelmente até reforçaria a minha tese do fracasso inevitável do liberalismo clássico, já que quereria dizer que o liberalismo iria ser atacado tanto "de baixo" como "de cima".
1 comment:
"a) as grandes empresas tem mais acesso aos decisores politicos que as pequenas"
Se se aceitar que este factor é contrário ao liberalismo, então será bastante difícil de concluir que uma sociedade liberal tem uma maioria com rendimentos abaixo da média, já que todos os dados que poderiam provar esta desigualdade provêm de países onde é verdade que "as grandes empresas tem mais acesso aos decisores politicos que as pequenas", i. e., têm uma componente anti-liberal não desprezável.
Será que um estado liberal que tenha uma atitude não discriminatória perante as empresas poderia ter uma distribuição de rendimentos mais "normal"?
Ou considera-se que a distribuição de rendimentos é independente (ou quase) do regime político?
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