Pacheco Pereira escreve acerca de uma possivel aliança PS/BE.
Em primeiro lugar, uma declaração de interesses: eu sou aderente do BE e acho má ideia uma aliança com o PS (o essencial do pessoal dirigente, nacional e local, do PS tem apoiado as politicas de Sócrates; assim, das duas uma: ou concordam com elas, ou na realidade esses dirigentes são estátuas esculpidas em sabão; em qualquer das hipoteses, não acho recomendável alianças com essa gente).
Mas, independentemente do que eu acho desejável, também não acho provável uma aliança PS/BE; uma aliança PS/PCP parece-me muito mais provável. Mesmo que fossemos analisar isso de uma perspectiva exclusivamente pragmática, vejo várias razões para isso:
Razões porque o PS tem mais a ganhar com uma aliança com o PCP:
- Um acordo com o PCP pode trazer mais paz social, já que este tem muito mais influência nos movimentos sociais, a começar pelos sindicatos
- O PCP é um potencial aliado muito mais previsivel que o BE, nem que seja porque não tem que gerir equilibrios entre várias correntes de opinião; e, numa coligação com o BE, sempre que houvesse um convenção deste, o "Expresso" iria publicar uma noticia do género "governo em perigo - opositores do acordo elegem [x] delegados"; como o PCP raramente faz congressos, esse problema não se punha
Razão porque o PCP tem menos a perder com uma coligação do que o Bloco:
- o PCP tem um eleitorado fiel; o BE tem eleitores que só recentemente começaram a votar nele, e muitos por "voto de protesto"; logo, o BE está mais sujeito a um eventual desgaste da governação que o PCP
Razão porque Jerónimo tem menos a perder com uma coligação do que Louçã:
- Jerónimo não tem (ao contrário do que acontecia com Carvalhas) criticos à sua esquerda dentro do PCP; Louçã tem no BE. Além disso, os proprios estatutos do BE fazem com que o cargo de Louçã esteja sempre mais em perigo que o de Jerónimo (é muito mais fácil a direcção do BE ser derrotada em congresso do que a do PCP).
Razões porque é mais simples negociar um acordo PS/PCP do que um acordo PS/BE:
- No PCP devem ser necessárias reuniões de menos orgãos de que no BE para aprovar uma coligação
- O PCP sempre tem demonstrada mais abertura para coligações do que o BE: há décadas que o PCP fala em "maioria de esquerda", em "governos de salvação nacional" e coisas do género; pelo contrário, o BE passa a vida a dizer que não pretende fazer coligações, logo teria muito mais dificuldade em justificar um volte-face.
Em primeiro lugar, uma declaração de interesses: eu sou aderente do BE e acho má ideia uma aliança com o PS (o essencial do pessoal dirigente, nacional e local, do PS tem apoiado as politicas de Sócrates; assim, das duas uma: ou concordam com elas, ou na realidade esses dirigentes são estátuas esculpidas em sabão; em qualquer das hipoteses, não acho recomendável alianças com essa gente).
Mas, independentemente do que eu acho desejável, também não acho provável uma aliança PS/BE; uma aliança PS/PCP parece-me muito mais provável. Mesmo que fossemos analisar isso de uma perspectiva exclusivamente pragmática, vejo várias razões para isso:
Razões porque o PS tem mais a ganhar com uma aliança com o PCP:
- Um acordo com o PCP pode trazer mais paz social, já que este tem muito mais influência nos movimentos sociais, a começar pelos sindicatos
- O PCP é um potencial aliado muito mais previsivel que o BE, nem que seja porque não tem que gerir equilibrios entre várias correntes de opinião; e, numa coligação com o BE, sempre que houvesse um convenção deste, o "Expresso" iria publicar uma noticia do género "governo em perigo - opositores do acordo elegem [x] delegados"; como o PCP raramente faz congressos, esse problema não se punha
Razão porque o PCP tem menos a perder com uma coligação do que o Bloco:
- o PCP tem um eleitorado fiel; o BE tem eleitores que só recentemente começaram a votar nele, e muitos por "voto de protesto"; logo, o BE está mais sujeito a um eventual desgaste da governação que o PCP
Razão porque Jerónimo tem menos a perder com uma coligação do que Louçã:
- Jerónimo não tem (ao contrário do que acontecia com Carvalhas) criticos à sua esquerda dentro do PCP; Louçã tem no BE. Além disso, os proprios estatutos do BE fazem com que o cargo de Louçã esteja sempre mais em perigo que o de Jerónimo (é muito mais fácil a direcção do BE ser derrotada em congresso do que a do PCP).
Razões porque é mais simples negociar um acordo PS/PCP do que um acordo PS/BE:
- No PCP devem ser necessárias reuniões de menos orgãos de que no BE para aprovar uma coligação
- O PCP sempre tem demonstrada mais abertura para coligações do que o BE: há décadas que o PCP fala em "maioria de esquerda", em "governos de salvação nacional" e coisas do género; pelo contrário, o BE passa a vida a dizer que não pretende fazer coligações, logo teria muito mais dificuldade em justificar um volte-face.
6 comments:
Há partidos políticos que existem para ser oposição a vida toda porque não acreditam num regime parlamentar burguês, mas sim num Socialismo lennista mesmo que à portuguesa. É o caso do PCP, apesar deste ideia não estar inscrita no programa do partido. O PCP só será governo sózinho. Eu não tenho dúvidas.
Pelo contrário o BE não tem a rigidez burocrática do centralismo democrático e não é um partido Leninista. Vai crescer, e não deve temer ser governo. Caso faça um acordo pós-eleitoral com o PS não o torna refém do passado de Sócrates porque este ou outro PM teriam de mudar de políticas.
Se o BE quer ser governo quando tiver maioria relativa ( pelo menos), vai ser um PCPII. Nunca. UM BE para sempre na oposição a quem interessa? Aos trabalhadores, não.
E teremos assim a rotatividade PS/PSD por mais 50 anos com o CDS a dar uma mão a um ou a outro conforme as necessidades.
O patrão a sorrir e o operário a ver navios.
acho que a malta da política XXI ia discordar ...
mais:
já ouvi de muitos apoiantes "chiques" (há uma semana usaria aqui a palavra burgueses) do BE dizerem que este não tem vocação para governo e que se subir acima dos 15% deixam de votar nele.
na minha opinião na forma como define a sua política, o bloco são 2 partidos: um social democrata reformista e outro de socialismo não-leninista.
(política xxi, rupturafer). Ironicamente a sua face mais visível mediática e folclórica não sei bem em que lado se encaixa (psr).
o que eu não entendo é o que é que a facção "revolucionária" ainda anda a fazer atrelada ao bloco. acham que é por via da democracia parlamentar burguesa que mudam alguma coisa? acham que dão um contributo aos resultados do partido? acham-se importantes para manter o bloco "à esquerda" ?
num cenário hipotético de cisão do ps, em que alegristas se juntassem a política xxi e renovação comunista para formar um partido novo, este teria mais 5 ou 10% do que o BE tem agora e o "be" que sobrasse (rupturafer, talvez psr) desapareceria do parlamento?
ainda militas na rupturafer, Miguel ?
Imagino que quando o Tarique escreve "(politica xxi, rupturafer)" queira dizer "(politica xxi, rupturafer, respectivamente)"
"o que eu não entendo é o que é que a facção "revolucionária" ainda anda a fazer atrelada ao bloco. acham que é por via da democracia parlamentar burguesa que mudam alguma coisa? acham que dão um contributo aos resultados do partido? acham-se importantes para manter o bloco "à esquerda" ?"
Em tempos, escrevi um post que acaba por ter a ver com isso:
http://ventosueste.blogspot.com/2006/01/militncia-partidria-legtima.html
Por outro lado, atendendo à inspiração trotskista da ala esquerda do Bloco (tal como, aliás, da ala central), provavelmente haverá resquicios das velhas tácticas do "entrismo".
Seja como for, "Gil Garcia" FER tem quase o triplo de hits no google que "Carmelinda Pereira", o que parece indicar que o ruptura/fer ganha mais participando no Bloco do que o POUS (para dar um exemplo de um partido com uma linha politica semelhante) não participando; se isso contribui alguma coisa para atingir os objectivos politicos de longo prazo da FER é que já é discutivel.
"ainda militas na rupturafer, Miguel ?"
Eu nunca militei no rupturafer. Militei no PSR; na última convenção fui delegado pela moção C (junto com o rupturafer), mas sem qualquer ligação orgãnica
[Um dia, talvez escreva um post sobre a minha biografia politica; ou deverei esperar mais uns anos?]
entendido. se bem percebi pelo post que linkas a resposta às 3 perguntas é "Sim".
quanto à militância, perguntei porque tinha essa sensação (talvez por causa desse pormenor do apoio à moção), mas um dia destes falei com malta da rupturafer de portimão e eles não te conheciam.
falando em entrismo, já te apercebeste que a nd foi tomada com sucesso por identitários ex-pnr ?
"um dia destes falei com malta da rupturafer de portimão e eles não te conheciam."
O único "rupturista" de Portimão que conheço é o Sadik; desconhecia a existência de mais. Aliás, nem tinha ideia que houvessem muitos bloquistas (de que tendência fossem) entre os portimonenses "expatriados" (só vejo para aí uns quatro).
Espera mais uns anos, Miguel, espera mais uns anitos para a biografia. Quem te avisa...LOL
Tenho andado preguiçosa e só agora li o teu post. Divertiu-me e convenceste-me. Agora só falta mesmo convencer alguns camaradas de Partido (poucos)...e o PCP!!
Post a Comment