Thursday, October 15, 2009

A derrota do Bloco de Esquerda

A derrota do Bloco de Esquerda nas eleições autárquicas comprova o que os críticos internos (nomeadamentes as moções "B" e "C" nas 2 últimas convenções) dizem há anos: que o partido tem centrado a sua actuação no grupo parlamentar e não se tem preocupado em construir uma base de militantes.

Assim, nas eleições autárquicas, em que interessa ter pessoal no terreno e não apenas popularidade genérica derivada de algumas figuras que aparecem na televisão, os resultados vão abaixo.

No fundo, o BE está a funcionar como um CDS-de-esquerda: um partido de quadros, de personalidades com algum prestigio dentro dos seus nichos respectivos, mas com poucos militantes e com o apoio eleitoral muito dependente do carisma do líder.

Mesmo as candidaturas para Lisboa e Porto condizem com este padrão: não haveria mais ninguém para ser candidato além dos deputados Luis Fazenda e João Teixeira Lopes? Note-se que não estou a dizer que outros candidatos teriam tido melhores resultados - provavelmente teriam tido ainda piores. Mas imagine-se que o partido tinha candidatado um militante das estruturas locais - mesmo que (devido ao desconhecimento) ele tivesse agora poucos votos, daqui a quatro anos ele já seria conhecido, logo já poderia ser um potencial bom candidato.

Finalmente, tudo isto não deixa de ser um triste e irónica evolução: afinal, há uns anos atrás, a UDP e o PSR andavam a defender o "poder popular de base" contra a "democracia parlamentar"; agora o BE tem muitos parlamentares, mas as bases estão fraquinhas...

5 comments:

Anonymous said...

Concordo com o que escreveste.
Nunca te pronunciaste sobre o que pulula aí na blogosfera, nomeadamente no Arrastão e no Ladrões de Bicicletas, acerca de novos "entendimentos" à esquerda... Se bem que suponho saber o que pensas disso.
De qualquer modo, o resultado das legislativas terá sido, na minha opinião, óptimo; se o Bloco com o PS estivesse em posição de maioria absoluta não faltariam Daniéis Oliveiras e Miguéis Vales de Almeida a exercer pressões que provavelmente seriam boas para vencer pequenas batalhas, mas péssimas a longo prazo e catalisadoras da destruição do Bloco.

mescalero said...

Mas não são dois programas incompatíveis, o parlamentar e o de base? Conforme um cresce o outro enfraquece.

Diogo said...

Errado. O Bloco não tem força nas autarquias porque nestas governa o caciquismo, que tem tendência a eternizar-se no poder. O Bloco, sendo o partido mais recente, terá muita dificuldade em arredar os dinossauros dos partidos mais velhos (PS – PSD – CDU – CDS).

Francisco said...

aNtes de mais os resultados foram maus, mm nas legislativas, pq Anonimus é mau para o país (e Bloco) ser o CDS a condicionar as políticas do Governo e n o BE, que fica com 16 deputados q n servem pa fazer maiorias. Dito isto, a pressão para entendimentos de fundo com o PS seria maior, sim, mas o BE tería mt mais poder. Ia ser mais difícil, mas mais frutífero! E qt a Daniéis é dar o debate necessário...

Entretanto, espero que isto sirva de pretexto para uma ampla discussão acerca das estratégias e políticas do BE.

mundoemguerra.blogspot.com

Zé - Apoiante da Moção C said...

Comissão Política do BE - Francisco Louçã, Luís Fazenda, Miguel Portas, Fernando Rosas, Ana Drago, Helena Pinto, Mariana Aiveca, Cecília Honório, Jorge Costa, José Gusmão, Rita Calvário, António Chora, João Teixeira Lopes, Pedro Soares, João Semedo e José Soeiro.

Deputados do BE - Francisco Louçã, Luís Fazenda, Fernando Rosas, Ana Drago, Helena Pinto, Mariana Aiveca, Cecília Honório, José Gusmão, Rita Calvário, Pedro Soares, João Semedo, José Soeiro, Pedro Filipe Soares, José Manuel Pureza, Heitor de Sousa, Catarina Martins, Miguel Portas (Parlamento Europeu)

Quem é da CP e não é deputado: Jorge Costa (falhou eleição em Setúbal), António Chora (não foi candidato, preferiu almoçar com o Pinho), João Teixeira Lopes (não foi candidato)

Como pode esta Comissão Política construir o partido fora dos parlamentos?