Eu, achando que a democracia não se deve esgotar no voto, tenho votado sempre (...).
No entanto, discordo dessa conversa do "dever cívico" (a fazer lembrar o tempo em que quem não votava recebia a visita da PIDE) e do "quem se abstém, depois não pode dizer mal".
Vejamos: na Assembleia da República, sempre que se vota uma proposta, o Presidente da AR pergunta sempre: "Quem vota contra? Quem se abstém? Quem vota a favor?", e nunca ninguém levou a mal por algum deputado se abster nalguma votação (ou melhor, ninguém levou a mal a abstenção em si*). O que faz todo o sentido: se alguém achar que uma proposta tem pontos bons mas também maus, porque é que não há-de se abster? Ou se achar que a proposta é absolutamente irrelevante?
Ora, se ninguém acha "imoral" um deputado abster-se quando está a votar uma proposta que conhece em pormenor (afinal, o documento a ser votado está à vista, com todos os detalhes e alíneas), porque é que há de ser "imoral" um simples cidadão abster-se numa votação que consiste em passar um "cheque em branco" a uma pessoa (ou partido) para, basicamente, fazer o que lhe der na cabeça? Afinal, se é aceitável que alguém possa não ter opinião no primeiro caso (ou por não se decidir, ou por achar as alternativas irrelevante), porque não no segundo?
*P.ex., Daniel Campelo foi muito criticado pela sua abstenção na votação do OE, mas não pela abstenção em si, mas por ter trocado o seu voto por beneficios "paroquiais" (se ele, em vez da abstenção, tivesse votado "sim", de certeza que as críticas teriam sido iguais)
Sunday, May 31, 2009
Sobre a abstenção - re-posted
Publicada por Miguel Madeira em 02:37 0 comentários
Friday, May 29, 2009
"Os Anjos de Charlie" - reflexões avulsas
Actualmente, a RTP Memória está a passar "Os Anjos de Charlie", que, aos 7 anos, era uma das minhas séries não-infantis favoritas (a par com o Caminho das Estrelas). Revendo a série, ocorrem-me várias coisas:
- A grande revolução tecnológica que foi o telemóvel: em montes de episódios, o enredo teria que ser completamente diferente se já existissem telemóveis (exemplo: num episódio a "Jill" vai a casa de alguém que as outras suspeitam seja a "vilã" do episódio e telefonam para essa casa a tentar avisá-la, mas é a suspeita que atende e diz que ela ainda não chegou; se a série fosse feita hoje, ligariam-lhe para o telemóvel e o episódio perdia o suspense todo).
- Falando de tecnologia, a diferença que a televisão a cores também faz: eu lembrava-me bem da cena da bola de ténis explosiva metida na máquina automática de lançar bolas, mas a unica coisa que eu vi, a p/b, foi uma mão a meter uma bola ligeiramente diferente junta das outras; com a televisão a cores é diferente: vê-se claramente uma bola vermelha no meio de bolas verdes.
Publicada por Miguel Madeira em 17:10 2 comentários
"A Europa de Leste está numa situação delicada, sobretudo os paises bálticos como a Roménia"
Publicada por Miguel Madeira em 00:50 1 comentários
Thursday, May 28, 2009
A evolução do gato doméstico
Um excerto:
[W]e could begin to revisit the old question of why cats and humans ever developed a special relationship. Cats in general are unlikely candidates for domestication. The ancestors of most domesticated animals lived in herds or packs with clear dominance hierarchies. (Humans unwittingly took advantage of this structure by supplanting the alpha individual, thus facilitating control of entire cohesive groups.) These herd animals were already accustomed to living cheek by jowl, so provided that food and shelter were plentiful, they adapted easily to confinement.
Cats, in contrast, are solitary hunters that defend their home ranges fiercely from other cats of the same sex (the pride-living lions are the exception to this rule). Moreover, whereas most domesticates feed on widely available plant foods, cats are obligate carnivores, meaning they have a limited ability to digest anything but meat—a far rarer menu item. In fact, they have lost the ability to taste sweet carbohydrates altogether. And as to utility to humans, let us just say cats do not take instruction well.
Publicada por Miguel Madeira em 00:37 0 comentários
Wednesday, May 27, 2009
Implicações politicas da suposta hereditariedade da inteligência?
Publicada por Miguel Madeira em 10:48 0 comentários
A carta de condução de mota
Publicada por Miguel Madeira em 09:47 6 comentários
"Estado Social" e a suposta hereditariedade da inteligência
No "i", alguêm escreve:
"A diabetes é genética, logo os tratamentos contra a diabetes, como injecções de insulina, não valem a pena e estão condenados"
É verdade que isso favorece um Estado Social mais em versão social-cristã do que socialista/social-democrata (isto é, apresentado mais em termos de "solidariedade com os menos afortunados" do que como "combate à injustiça social") mas em termos de politicas concretas fará diferença?
[Sou capaz de ainda escrever algo mais sobre isto]
Publicada por Miguel Madeira em 01:35 0 comentários
Tuesday, May 26, 2009
A vigilancia electrónica em acção
A national network of cameras and computers automatically logging car number plates will be in place within months, the BBC has learned.
Thousands of Automatic Number Plate Recognition cameras are already operating on Britain's roads.
Police forces across England, Wales and Scotland will soon be able to share the information on one central computer.
Officers say it is a useful tool in fighting crime, but critics say the network is secretive and unregulated.
(...)
John Catt found himself on the wrong side of the ANPR system. He regularly attends anti-war demonstrations outside a factory in Brighton, his home town.
It was at one of these protests that Sussex police put a "marker" on his car. That meant he was added to a "hotlist".
This is a system meant for criminals but John Catt has not been convicted of anything and on a trip to London, the pensioner found himself pulled over by an anti-terror unit.
"I was threatened under the Terrorist Act. I had to answer every question they put to me, and if there were any questions I would refuse to answer, I would be arrested. I thought to myself, what kind of world are we living in?"
Sussex police would not talk about the case.
The police say they do not know how many cameras there are in total, and they say that for operational reasons they will not say where the fixed cameras are positioned.
Publicada por Miguel Madeira em 15:24 0 comentários
A que dias calham as greves?
É frequente dizer-se que as greves são "marcadas para segundas, sextas e vésperas de feriados". Será verdade ou um mito? *O feriado muncipal de Portimão é a 11 de Dezembro; no entanto, não considerei 10 de Dezembro como "vespéra de feriado"; em compensação, considerei 12 de Junho como uma véspera de feriado. Pode haver alguma greve a mais ou a menos nesta tabela: eu tentei distinguir as greves a sério daquelas que só são para algumas pessoas poderem ir a uma manifestação (incluindo só as primeiras); no entanto, algumas podem ter falhado. Quais os resultados disto por dias de semana? Bem, e o que é que concluo disto tudo? duas coisas contraditórias: efectivamente, há uma grande concentração de greves às sextas-feiras (quase 40% do total); por outro, não há uma concentração significativa de greves às sextas-e-segundas-feiras: as greves às sextas e segunda representam cerca de 45% do total das greves, ou seja, pouco mais do que os 40% que seria normal de qualquer maneira.
Em tempos, fiz um post sobre isso a respeito das greves gerais.
Agora, vou tentar fazer um estudo semelhante para o conjunto das greves.
Ao que consegui apurar, no sector da saúde houve, desde 2000, greves nestes dias (por qualquer razão, a tabela só aparece lá em baixo):2000-02-18 Sexta 2000-05-09 Terça 2000-06-05 Segunda 2000-12-07 V. Feriado 2001-01-29 Segunda 2001-04-06 Sexta 2001-06-06 Quarta 2001-06-11 Segunda 2001-06-12 V. Feriado 2001-11-27 Terça 2002-06-28 Sexta 2002-07-19 Sexta 2002-10-16 Quarta 2002-11-14 Quinta 2002-12-10 Terça* 2003-11-21 Sexta 2004-01-23 Sexta 2005-06-29 Quarta 2005-07-15 Sexta 2005-10-12 Quarta 2005-10-13 Quinta 2005-10-20 Quinta 2005-11-24 Quinta 2006-05-19 Sexta 2006-06-27 Terça 2006-07-06 Quinta 2006-11-09 Quinta 2006-11-10 Sexta 2007-05-30 Quarta 2007-11-30 Sexta 2008-03-14 Sexta 2008-05-23 Sexta 2008-09-30 Terça 2008-10-01 Quarta 2009-02-20 Sexta 2009-04-02 Quinta 2009-04-03 Sexta Segunda 3 Terça 5 Quarta 6 Quinta 7 Sexta 14 VF 2
Publicada por Miguel Madeira em 13:57 0 comentários
Sugestões de leitura
Ley Orgánica de Procesos Electorales aprobada en primera discusión genera críticas en sectores chavistas, sobre as divisões que a nova lei eleitoral venezuelana está a provocar entre os partidos pró-Chavez (os pequenos partidos dizem que reduz a proporcionalidade) .
Autoeuropa e a Comissão de Trabalhadores, por João Abel Freitas, sobre a proposta da CT da Autoeuropa para utilizar os camiões que transportam as peças para a fábrica (e regressam vazios à Alemanha) para transportar mercadorias na viagem de volta.
Publicada por Miguel Madeira em 00:46 0 comentários
Monday, May 25, 2009
Gotta love George Carlin II - We Like War
Publicada por CN em 23:58 0 comentários
Etiquetas: Textos de Carlos Novais
Feb. '03: Janeane Garofalo Destroys Fox's Brian Kilmeade
É bonito de se ver a conhecida anti-war liberal (esquerda americana) versus (republicano bushista no seu pior e só por acaso Jewish-American) Brian Kilmeade.
É bonito ser a esquerda a tentar ser ponderada e evocar a importância do direito internacional. Este duelo mostra bem o pior do apoio turculento ao "regime-changing" ideologicamente cego à revolução democrática disfarçado de casus bellis assentes em mentiras e enganos do princípio ao fim. Quanto mais o tempo passa mas este assunto me irrita. Devia ser ao contrário mas não é.
Publicada por CN em 22:44 0 comentários
Etiquetas: Textos de Carlos Novais
Diferenças culturais?
Publicada por Miguel Madeira em 17:27 0 comentários
Na Casa Branca?
Publicada por Miguel Madeira em 11:37 0 comentários
Re: Coisas Engraçadas
Publicada por Miguel Madeira em 11:29 1 comentários
Saturday, May 23, 2009
Sugestões de leitura
Publicada por Miguel Madeira em 15:18 0 comentários
Thursday, May 21, 2009
Piada Económica via e-mail
Recebida há uns dias:Numa pequena vila e estância de veraneio na costa sul da França chove e nada de especial acontece.
A crise sente-se.
Toda a gente deve a toda a gente, carregada de dívidas.
Subitamente, um rico turista russo entra no foyer do pequeno hotel local.
Pede um quarto e coloca uma nota de 100 € sobre o balcão, pede uma chave de
quarto e sobe ao 3º andar para inspeccionar o quarto que lhe indicaram, na
condição de desistir se lhe não agradar.
O dono do hotel pega na nota de 100€ e corre ao fornecedor de carne a quem
deve 100€, o talhante pega no dinheiro e corre ao fornecedor de leitões a
pagar 100€ que devia há algum tempo, este por sua vez corre ao criador de
gado que lhe vendera a carne e este por sua vez corre a entregar os 100€ a
uma prostituta que lhe cedera serviços a crédito.
Esta recebe os 100€ e corre ao hotel a quem devia 100€ pela utilização
casual de quartos à hora para atender clientes. Neste momento o russo rico
desce à recepção e informa o dono do hotel que o quarto proposto não lhe
agrada, pretende desistir e pede a devolução dos 100€. Recebe
o dinheiro e sai.
Não houve neste movimento de dinheiro qualquer lucro ou valor acrescido.
Contudo, todos liquidaram as suas dívidas e estes elementos da pequena vila
costeira encaram agora com optimismo o futuro.
Publicada por Miguel Madeira em 22:47 3 comentários
Etiquetas: teoria dos ciclos na economia
Anti-americanismo ou anti-bushismo?
Publicada por Miguel Madeira em 14:59 0 comentários
Reivindicações
Publicada por Miguel Madeira em 11:25 1 comentários
Wednesday, May 20, 2009
Grande Jesse Ventura
A mostrar a melhor forma de patriotismo: question your government
Jesse Ventura After the Show on Fox & Friends: "I'm Ashamed of Our Country"
Publicada por CN em 11:32 1 comentários
Etiquetas: Textos de Carlos Novais
Tuesday, May 19, 2009
O que há de errado com este cartoon?
Lions and antelope
Publicada por Miguel Madeira em 19:31 5 comentários
A NATO e a UE
Deduzo que o derrube do muro de Berlim foi tomado numa reunião do comando da NATO (aliás, a NATO não impediu a criação do muro de Berlim, e, se o tivesse impedido, isso teria provavelmente acabado com a paz na Europa).
Publicada por Miguel Madeira em 10:31 0 comentários
Monday, May 18, 2009
Patentes genéticas (mais ou menos)
Publicada por Miguel Madeira em 13:58 1 comentários
Etiquetas: Propriedade Intelectual?
Friday, May 15, 2009
Porque é que (quase) ninguém leva a sério o Parlamento Europeu?
Publicada por Miguel Madeira em 10:31 4 comentários
We Copyright Communists
"The Copyright Nazis believe the creator’s right to a profit trumps the right of people to enter the market freely and use their own property as they see fit.
We Copyright Communists believe everyone has the right to do what he wants with his own property, and that nobody is entitled to a profit from the state." Copyright Communism? Kevin Carson
Publicada por CN em 09:31 0 comentários
Etiquetas: Propriedade Intelectual?, Textos de Carlos Novais
Thursday, May 14, 2009
Kevin Carson sobre a Propriedade Intelectual
Publicada por Miguel Madeira em 15:06 0 comentários
Etiquetas: Propriedade Intelectual?
Wednesday, May 13, 2009
Efeitos da imigração sobre o PIB
First,this one (pdf) estimates, from a sample of 63 countries, that immigration actually raises GDP per head; a 10% rise in the stock of migrants raises it by 2.2%. This controls, as far as possible for the reverse causality - the tendency for rich countries to attract migrants - and for the correlation between openness to migrants and openness to trade.There are two possible mechanisms generating this. One is simply that an increased supply of labour reduces inflationary pressures, and so allows real interest rates to stay lower for longer, which encourages economic activity*. The other is that migrant workers might be complements for native ones. If Polish builders cause more houses to get built, British plumbers and electricians can get more work done and earn more. If Latvians cause more fruit to be picked, British market stall holders can sell more. Or if you can see a doctor quicker because of migrant GPs, you can get back to work sooner.This finding is entirely consistent with the notion that some unskilled native workers lose out from immigration. What it means, though, is that migration is a potential Pareto improvement, in the sense that winners from it can in theory compensate the losers with everyone becoming better off. This provides a justification for the Left’s response to fears about migration - that the way to protect unskilled native workers is not to restrict migration, but to have better redistributive mechanisms.Our second paper (pdf), however, is slightly more pessimistic. It estimates, from 14 OECD countries, that immigration simply increases raw GDP; native per capita GDP is unaffected by migrants.(...)
Publicada por Miguel Madeira em 17:39 0 comentários
Keynesianismo e intervenção do Estado
Mas será que a teoria keynesiana implica mesmo a defesa da intervenção estatal? Contra o que penso fosse a opinião do próprio Keynes, vou tentar argumentar que... NÃO.
Esta é a primeira ordem de razões.
I am more positively inclined than is Tim. First, local currencies blossom when the nominal money supply is too low and wages and prices are sticky downwards. A boost in the real money supply is needed and the private sector will do it -- albeit at high transactions costs -- even if the government will not. That's why so many of these local currencies blossomed in the 1930s but then disappeared. They did good but then they were stamped out or ceased to be necessary.
Publicada por Miguel Madeira em 16:05 1 comentários
Etiquetas: teoria dos ciclos na economia
Tuesday, May 12, 2009
Por ano, convém dizer
* lá diz "São 275 as famílias que recebem "uma média de 300 a 350 euros por mês" (...). Fazendo as contas a doze meses, as famílias apoiadas pelo Estado recebem cerca de 1,155 milhões de euros por ano do Ministério da Solidariedade Social". A virgula levantou-me alguma dúvida (seria "um virgula cento e cinquenta e cinco milhões" ou "mil, cento e cinquenta e cinco milhões"?), mas fazendo as contas (350x275x12) confirma-se que é uma vírgula decimal, não um separador de milhares.
Publicada por Miguel Madeira em 19:31 2 comentários
Saturday, May 09, 2009
A sublevação na Bela Vista e as condições económicas
Na verdade, só quem for um analfabeto económico não vê a ligação (se quem escreveu "o bispo não percebe nada de economia, nem de sociologia" estiver a falar a sério, então precisa de espelhos em casa).
P.ex., imagine-se alguém a decidir se participa ou não num motim contra a policia e a pesar os prós e os contras (esse "pesar" não é necessariamente uma deliberação consciente); do lado dos prós, teremos o prazer emocional de descarregar a raiva contra a policia, e também ganhar algum estatuto no bairro como "duro", "corajoso", "leal aos seus amigos", etc.; do lado dos contras, temos poder levar um tiro, ser preso, etc.
Ora, quanto menores forem as perspectivas de vida de uma pessoa, menor é o custo de ser preso ou de levar um tiro; se uma pessoa que tenha um bom emprego for presa, fica com a vida estragada: perde o seu emprego, irá passar uns anos numa prisão muito menos confortável que a casa onde vivia, e, quando sair dificilmente arranjará um emprego com as condições que tinha antes (provavelmente terá que recomeçar a carreira do inicio); já uma pessoa que ganhe a vida em empregos ocasionais e com poucas perspectivas, passar ou não uns tempos na cadeia pouca diferença fará para a sua vida futura. No fundo, podemos dizer que o custo de oportunidade de ser preso (ou mesmo de morrer, já agora) é maior para alguém de classe média do que para um habitante de um bairro social.
Portanto, vamos regressar ao tal individuo a pensar se se junta ou não ao motim; como vimos, quanto melhor a sua situação económica, maior são os custos que atirar cocktails molotov à policia poderá ter para ele. Logo, quanto mais pobre eu for, maior a probabilidade de me envolver em distúrbios.
Poderá argumentar-se "a maioria dos pobres não se envolve em distúrbios". Irrelevante - a pobreza o que faz é aumentar os incentivos para actos criminosos; nem toda a gente irá reagir a esses incentivos mas, "na margem", haverá sempre alguém que, sendo pobre, irá cometer crimes que não cometeria se fosse rico ou de classe média (e não me refiro apenas a crimes contra a propriedade, como roubos; o raciocínio que apresentei acima - um pobre tem menos a perder em ser preso - aplica-se a todo o tipo de crimes).
Outra critica que poderá ser feita ao meu raciocínio é que ignora questões como os valores morais; mas não - temos que pensar em termos de ceteris paribus (isto é, "tudo o mais ser igual"). Se os pobres, à partida, têm menos a perder em cometer crimes, cometerão mais crimes, mesmo que tenham os mesmos valores morais que a classe média (se os custo de ser preso é menor para os pobres, e se o "custo" psicológico/moral de cometer um crime for igual para os pobres e para a classe média, isso que dizer que o custo total de cometer um crime continua a ser menor para os pobres). A moral só podia ser um travão a que os pobres cometessem mais crimes se os pobres tivessem valores morais mais rígidos do que o resto da população (para contrabalançar o efeito "menos a perder").
O mesmo pode ser dito acerca da dureza de penas - se as penas fossem mais pesadas, em principio o custo de cometer crimes seria maior em termos absolutos; mas, mesmo que o custo fosse maior para toda a gente, para os pobres continuaria a ser menor do que para a classe média. De novo, a dureza penal apenas poderia anular o efeito "pobreza » crime" se as penas fossem mais pesadas para os pobres (bem, realmente se calhar até são...).
Ainda voltando à questão da moral, há outro factor que quero frisar - normalmente nós interiorizamos as nossas normas morais por imitação. Ou seja, o efeito da moral até acaba por ampliar os efeitos das diferentes condições económicas:
Imagine-se um bairro rico e um bairro pobre; à partida, os habitantes dos dois bairros tem exactamente os mesmos preconceitos morais contra o crime; no entanto, mesmo assim, haverá sempre um bocadinho mais de crime no bairro pobre do que no rico (pelo mecanismo que já expliquei); mas, se há mais crime no bairro pobre do que no bairro rico, as crianças que crescerem no primeiro irão crescer com um bocadinho de menos aversão ao crime do que as do segundo (já que vêm mais gente a cometer crimes); e, com o tempo, o crime no bairro pobre vai aumentando ainda mais, já que aí temos dois efeitos conjugados: o efeito de os pobres terem menos a perder com o crime, e o efeito de viverem numa cultura progressivamente mais tolerante face ao crime (isto até dava para fazer um sistemazinho de equações, sendo as condições económicas as variáveis exógenas, e o crime e a moralidade as variáveis endógenas).
Já agora, aproveito para fazer outra vez esta citação de Chris Dillow: "neoclassical economics (...) tells us (...) that poverty causes crime."
E, também, para relembrar a minha tese que é possível usar a economia neo-clássica para defender posições de esquerda (este post que estão a ler pretende ser um exemplo disso).
Publicada por Miguel Madeira em 00:56 3 comentários
Friday, May 08, 2009
Crianças com identidade ocultada
Publicada por Miguel Madeira em 09:49 0 comentários
Thursday, May 07, 2009
Noticias do Nepal
Publicada por Miguel Madeira em 01:36 1 comentários
Wednesday, May 06, 2009
Bloco Central
Publicada por Miguel Madeira em 15:03 3 comentários
Desculpem lá a presunção, mas este discurso é muito ... CN
(e felizmente para melhor)
Negócios:
Paulo Rangel diz que Estado está
"num caminho de declínio"
"O Estado é a criação humana que imita Deus. É omnipresente, é omnisciente e nunca ninguém o vê"
"Acho que o Estado está num estado final, não sei prever é quando. Está claramente num caminho de declínio. A União Europeia é uma solução para um Mundo que tem algumas parecenças com a Idade Média",
"tem de competir com um conjunto de organizações", a nível local, supranacional, desportivo, religioso ou confessional, para concluir que: "o Mundo é mais competitivo". "
Via outra fonte diz qualquer coisa como ""...uma Europa medieval, com tribunais mas sem Estado, mais civil e menos política".
Publicada por CN em 11:51 2 comentários
Etiquetas: Textos de Carlos Novais
Tuesday, May 05, 2009
Católicos
Carlo Stagnaro entrevista "the well-known Catholic author Vittorio Messori, who is as keen an observer of reality as he is disenchanted by it. Messori is motivated by a deep Christian realism, which emanates from virtually every line of his last book, Gli occhi di Maria (Mary’s Eyes), written in co-operation with Rino Cammilleri and published in Italy by Rizzoli. He also authored Jesus Hypotheses and the famous Crossing the Threshold of Hope, with Pope John Paul II."
In this scenario, where do you see the globalization process?
Since I do not believe in utopia, or in a universal "let’s all just love each other," I believe it is necessary to respect history’s rhythms and scope. Today, history moves towards economic globalization. We must avoid confusing globalization with pacifist ecumenicism. Economic unification does not mean the elimination of conflicts, nor does it mean that different populations will be ready to shake hands and ask each other forgiveness for their errors. As a well-known Italian aphorist, Ennio Flaiano, said, "If peoples knew each other better, they would hate each other more."
Carl Schmitt said the state is born from the secularization of theological concepts, and therefore it is a competing entity, an enemy of religions. What do you think about that?
I agree. See, I understand many of the reasons of the modern anarchists, and I recognize myself in many of the positions of the FORCES organization and the libertarian magazine Enclave. But, I repeat, I believe in original sin, thus I do not underestimate Hobbes’ warning: homo homini lupus (that is, man is the wolf of men). I respect law enforcement officers, because I know I need them; however, do not ask me to love them! I think that the monster state is the Beast of the Apocalypse. In a perspective of faith, the state emerging from the end of the ancien régime horrifies me. In this key, my nightmare is One World Government.
Publicada por CN em 22:35 0 comentários
Etiquetas: Textos de Carlos Novais
Venezuela - os "14 da Sidor"
The following is about yet another case of the so-called socialist government of Venezuela versus the workers of that country. To say the least this comes as no surprise to Molly, as she is very doubtful of the "good intentions" of a new ruling class such as the 'Boli Bourgeoise' (as they are called in Venezuela) whatever their ideological pronouncements. Self interest tends to weigh very heavy in the scale. The situation described below will undoubtedly reoccur time after time in the future, barring the end of the Peronist Chavez regime. The word "Peronist" is important in the previous sentence. Without going off the ideological deep end in describing the present regime in Venezuela as "fascist" it is very important to note that this regime stands in a long line of dirigiste populist movements in Latin America, of which the Peronist regime in Argentina was the original model, regimes that use the rhetoric of "popular power" to actually undermine any real attempt at such.
Publicada por Miguel Madeira em 19:50 1 comentários
Arrendamento e endividamento das familias
Publicada por Miguel Madeira em 14:45 3 comentários
"Contra-revolução colorida"?
Motim em curso numa base militar da Geórgia, no Sol:
Está em curso um motim numa base militar localizada a cerca de 30 quilómetros da capital georgiana. A informação é confirmada pelo próprio ministro da Defesa de Tbilisi.
David Sikharulidze adiantou que centenas de militares do regimento de cavalaria estão a ignorar ordens de superiores hierárquicos e, entre os amotinados, há civis que nada têm que ver com o batalhão.
Publicada por Miguel Madeira em 11:44 0 comentários
Saldos - polua com 84% de desconto!
Os valores mínimos das multas por infracções ambientais serão reduzidos até 84 por cento, caso a Assembleia da República dê o sim a uma proposta de lei do Governo neste sentido. Aprovada na semana passada, em Conselho de Ministros, a proposta pretende alterar uma lei que o próprio Governo PS levara ao Parlamento em 2006. Apenas sete dos 24 limites hoje fixados para as coimas ambientais mantêm-se na versão que o Executivo agora quer.
Publicada por Miguel Madeira em 11:27 0 comentários
Crianças a andar a pé sozinhas?
Agora, via FreeRangeKids, leio sobre um caso que ocorreu nos EUA:
You may recall that a couple weeks ago a mom in small town Mississippi, Lori LeVar Pierce, let her 10-year-old walk a third of a mile to his soccer practice by himself. Or she would have let him, that is, except he got picked up by the police a few blocks in.
The cop drove him the rest of the way, to ensure he wasn’t abducted and murdered. Then the cop waited for Lori to show up (that’s how responsible she is! She was meeting her son there 15 minutes later!) so he could tell her what a dangerous, crazy, maybe even criminal thing she had done, and how the police had received “hundreds” of calls to 911 about a boy dangerously on his own on that sunny afternoon.
I sure hope these people never watch “Lassie.” They’d die of fright.
Publicada por Miguel Madeira em 00:58 0 comentários
Sunday, May 03, 2009
Continuando com a escolaridade obrigatória
Ainda a respeito do que escrevi aqui, eis o mapa de que falava (clique para aumenta):
A mesma informação sob a forma de tabela:
País | Anos de escolaridade obrigatória | % de jovens sem o secundário |
Eslovénia | 9 | 4,3% |
Polóna | 12 | 5,0% |
Eslováquia | 10 | 7,2% |
Finlândia | 9 | 7,9% |
Suécia | 9 | 8,6% |
Lituânia | 9 | 8,7% |
Austria | 9 | 10,6% |
Hungria | 13 | 10,9% |
Irlanda | 10 | 11,5% |
Paises Baixos | 13 | 12,0% |
Bélgica | 12 | 12,3% |
Dinamarca | 9 | 12,4% |
Chipre | 10 | 12,6% |
França | 10 | 12,7% |
Alemanha * | 13 | 12,7% |
Estónia | 9 | 14,3% |
Grécia | 9 | 14,7% |
Luxemburgo | 11 | 15,1% |
Letónia | 11 | 16,0% |
Bulgária | 9 | 16,6% |
Inglaterra & Gales | 11 | 17,0% |
Roménia | 10 | 19,2% |
Itália | 9 | 19,3% |
Espanha | 10 | 31,1% |
Portugal | 9 | 36,3% |
Malta | 11 | 37,6% |
Chéquia | 9 | n.d |
Publicada por Miguel Madeira em 23:39 2 comentários
Ainda a teoria austriaca do ciclo económico (III)
I’ve long promised a post on Austrian Business Cycle Theory, and here it is. For those who would rather get straight to the conclusion, it’s one I share in broad terms with most of the mainstream economists who’ve looked at the theory, from Tyler Cowen, Bryan Caplan and Gordon Tullock at the libertarian/Chicago end of the spectrum to Keynesians like Paul Krugman and Brad DeLong.
To sum up, although the Austrian School was at the forefront of business cycle theory in the 1920s, it hasn’t developed in any positive way since then. The central idea of the credit cycle is an important one, particularly as it applies to the business cycle in the presence of a largely unregulated financial system. But the Austrians balked at the interventionist implications of their own position, and failed to engage seriously with Keynesian ideas.
The result (like orthodox Marxism) is a research program that was active and progressive a century or so ago but has now become an ossified dogma. Like all such dogmatic orthodoxies, it provides believers with the illusion of a complete explanation but cease to respond in a progressive way to empirical violations of its predictions or to theoretical objections. To the extent that anything positive remains, it is likely to be developed by non-Austrians such as the post-Keynesian followers of Hyman Minsky.
(...)According to the theory, the business cycle unfolds in the following way. The money supply expands either because of an inflow of gold, printing of fiat money or financial innovations that increase the ratio of the effective money supply to the monetary base. The result is lower interest rates. Low interest rates tend to stimulate borrowing from the banking system. This in turn leads to an unsustainable boom during which the artificially stimulated borrowing seeks out diminishing investment opportunities. This boom results in widespread malinvestments, causing capital resources to be misallocated into areas that would not attract investment if price signals were not distorted. A correction or credit crunch occurs when credit creation cannot be sustained. Markets finally clear, causing resources to be reallocated back towards more efficient uses.
At the time it was put forward, the Mises-Hayek business cycle theory was actually a pretty big theoretical advance. The main competitors were the orthodox defenders of Says Law, who denied that a business cycle was possible (unemployment being attributed to unions or government-imposed minumum wages), and the Marxists who offered a model of catastrophic crisis driven by the declining rate of profit.
Both Marxism and classical economics were characterized by the assumption that money is neutral, a ‘veil’ over real transactions. On the classical theory, if the quantity of money suddenly doubled, with no change in the real productive capacity of the economy, prices and wages would rise rapidly. Once the price level had doubled the previous equilibrium would be restored. Says Law (every offer to supply a good service implies a demand to buy some other good or service) which is obviously true in a barter economy, was assumed to hold also for a money economy, and therefore to ensure that equilibrium involved full employment
The Austrians were the first to offer a good reason for the non-neutrality of money. Expansion of the money supply will lower (short-term) interest rates and therefore make investments more attractive.
There’s an obvious implication about the (sub)optimality of market outcomes here, though more obvious to a generation of economists for whom arguments about rational expectations are second nature than it was 100 years ago. If investors correctly anticipate that a decline in interest rates will be temporary, they won’t evaluate long-term investments on the basis of current rates. So, the Austrian story requires either a failure of rational expectations, or a capital market failure that means that individuals rationally choose to make ‘bad’ investments on the assumption that someone else will bear the cost. And if either of these conditions apply, there’s no reason to think that market outcomes will be optimal in general.
A closely related point is that, unless Say’s Law is violated, the Austrian model implies that consumption should be negatively correlated with investment over the business cycle, whereas in fact the opposite is true. To the extent that booms are driven by mistaken beliefs that investments have become more profitable, they are typically characterized by high, not low, consumption.
Finally, the Austrian theory didn’t say much about labour markets, but for most people, unemployment is what makes the business cycle such a problem. It was left to Keynes to produce a theory of how the non-neutrality of money could produce sustained unemployment.
The credit cycle idea can easily be combined with a Keynesian account of under-employment equilibrium, and even more easily with the Keynesian idea of ‘animal spirits’. This was done most prominently by Minsky, and the animsal spirits idea has recently revived by Akerlof and Shiller. I suspect that the macroeconomic model that emerges from the current crisis will have a recognisably Austrian flavour..
Unfortunately, having put taken the first steps in the direction of a serious theory of the business cycle, Hayek and Mises spent the rest of their lives running hard in the opposite direction. As Laidler observes, they took a nihilistic ‘liquidationist’ view in the Great Depression, a position that is not entailed by the theory, but reflects an a priori commitment to laissez-faire. The result was that Hayek lost support even from initial sympathisers like Dennis Robertson. And this mistake has hardened into dogma in the hands of their successors.
The modern Austrian school has tried to argue that the business cycle they describe is caused in some way by government policy, though the choice of policy varies from Austrian to Austrian - some blame paper money and want a gold standard, others blame central banks, some want a strict prohibition on fractional reserve banking while others favour a laissez-faire policy of free banking, where anyone who wants can print money and others still (Hayek for example) a system of competing currencies.
(...)
To sum up, the version of the Austrian Business Cycle Theory originally developed by Hayek and Mises gives strong reasons to think that an unregulated financial system will be prone to booms and busts and that this will be true for a wide range of monetary systems, particularly including gold standard systems. But that is only part of what is needed for a complete account of the business cycle, and the theory can only be made coherent with a broadly Keynesian model of equilibrium unemployment. Trying to tie Austrian Business Cycle Theory to Austrian prejudices against government intervention has been a recipe for intellectual and policy disaster and theoretical stagnation.
- Eu tenho uma teoria (muito particular...) de que é possivel defender o keynesianismo sem defender a intervenção estatal (Keynes morria outra vez se ouvisse alguém dizer isso). Ei-de explicá-la algum dia (uma pista: tem a ver com a concorrência entre moedas à la Hayek, misturada com um bocadinho de Proudhon). O que deduzo daí é que, mesmo com os seus preconceitos anti-estatistas, os "austríacos" poderiam ter aceite o keynesianismo (isto é, o tipo muito peculiar de keynesianismo que eu vou apresentar um dia destes).
Publicada por Miguel Madeira em 16:46 0 comentários
Etiquetas: teoria dos ciclos na economia
Partido dos Piratas (Suécia)
Passei pelo site, onde é que posso votar neles?
PS: uma objecção que tenho é "We also want a complete ban on DRM technologies" dado que o uso de tecnologia para tornar mais difícil a cópia (e assim não assente no aparato legal-judicial) e uso parece-me perfeitamente legítimo e aceitável... ter em conta no entanto que mesmo o "Itunes" passou a vender música sem essa restrição.
"Reform of copyright law
The official aim of the copyright system has always been to find a balance in order to promote culture being created and spread. Today that balance has been completely lost, to a point where the copyright laws severely restrict the very thing they are supposed to promote. The Pirate Party wants to restore the balance in the copyright legislation.
All non-commercial copying and use should be completely free. File sharing and p2p networking should be encouraged rather than criminalized. Culture and knowledge are good things, that increase in value the more they are shared. The Internet could become the greatest public library ever created.
The monopoly for the copyright holder to exploit an aesthetic work commercially should be limited to five years after publication. Today's copyright terms are simply absurd. Nobody needs to make money seventy years after he is dead. No film studio or record company bases its investment decisions on the off-chance that the product would be of interest to anyone a hundred years in the future. The commercial life of cultural works is staggeringly short in today's world. If you haven't made your money back in the first one or two years, you never will. A five years copyright term for commercial use is more than enough. Non-commercial use should be free from day one.
We also want a complete ban on DRM technologies, and on contract clauses that aim to restrict the consumers' legal rights in this area. There is no point in restoring balance and reason to the legislation, if at the same time we continue to allow the big media companies to both write and enforce their own arbitrary laws.
An abolished patent system
Pharmaceutical patents kill people in third world countries every day. They hamper possibly life saving research by forcing scientists to lock up their findings pending patent application, instead of sharing them with the rest of the scientific community. The latest example of this is the bird flu virus, where not even the threat of a global pandemic can make research institutions forgo their chance to make a killing on patents.
The Pirate Party has a constructive and reasoned proposal for an alternative to pharmaceutical patents. It would not only solve these problems, but also give more money to pharmaceutical research, while still cutting public spending on medicines in half. This is something we would like to discuss on a European level.
Patents in other areas range from the morally repulsive (like patents on living organisms) through the seriously harmful (patents on software and business methods) to the merely pointless (patents in the mature manufacturing industries).
Europe has all to gain and nothing to lose by abolishing patents outright. If we lead, the rest of the world will eventually follow.
Respect for the right to privacy
Following the 9/11 event in the US, Europe has allowed itself to be swept along in a panic reaction to try to end all evil by increasing the level of surveillance and control over the entire population. We Europeans should know better. It is not twenty years since the fall of the Berlin Wall, and there are plenty of other horrific examples of surveillance-gone-wrong in Europe's modern history."
Publicada por CN em 12:40 0 comentários
Etiquetas: Propriedade Intelectual?, Textos de Carlos Novais