Saturday, December 24, 2005

"Campo Aberto" vs. "Arame Farpado" no Velho Oeste

Ontem à noite, estive a ver o filme "Homem sem Rumo", um dos muitos westerns que falam da "guerras" entre criadores de gado no Oeste do EUA, no final do século XIX, nomeadamente, os relacionados com a introdução do arame farpado.

Isso levanta um ponto curioso: o Oeste dos cowboys, simbolo dos EUA por excelência (e, já agora, do conservadorismo de Reagan e G.W.Bush), num aspecto, era quase "comunista" - o gado era criado pelo método do "campo aberto" (open range), em que os terrenos, ou eram públicos, ou eram de privados que não exerciam o direito de propriedade, e aonde, em principio, qualquer um era livre de pôr o seu gado a pastar (embora não fosse assim tão linear - frequentemente formavam-se associações voluntárias de criadores de gado que regulavam o uso das pastagens em determindada área; isso impedia a famosa "tragédia dos comuns", mas, por outro lado, limitava o tal "direito de qualquer um utilizar livremente as pastagens"). Aliás, basta ver um western para se observar isso - o gado dos vários criadores pastava na mesma área (era isso que tornava as "marcas a ferro" tão importantes).

Tal situação alterou-se com o aparecimento do arame farpado: inicialmente, era usado sobretudo pelos pequenos agricultores para protegerem as suas quintas das manadas de gado. No entanto, em breve os grandes criadores de gado começaram também a vedar terrenos, gerando-se enormes conflitos: formaram-se bandos (compostos por vaqueiros que haviam ficado sem terrenos aonde levar o seu gado) que se dedicavam a cortar as vedações dos ranchos, tentando restaurar o "campo aberto". Mas foi uma luta inglória: a propriedade privada e o arame farpado venceram o "campo aberto", alterando radicalmente o estilo de vida tradicional dos "cowboys".

E qual é o interesse disto, perguntarão os meus dois leitores habituais? Não sei se tem algum interesse, mas foi sobre o que me apeteceu escrever agora...

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