Sunday, November 25, 2007

25 de Novembro

Durante muito tempo, circularam duas versões sobre o "25 de Novembro" - a extrema-esquerda dizia que tinha sido um (vitorioso) golpe de direita; a direita e o centro diziam que tinha sido um (fracassado) golpe de esquerda.

No entanto, nos últimos anos, entre a direita começou a ser moda comemorar o 25 de Novembro como a data do "inicio da democracia em Portugal" (ou coisa parecida).

Ora, parece-me que, com isso, acabam, paradoxalmente, por dar razão à extrema-esquerda - se o "25 de Novembro" tivesse sido apenas um golpe "esquerdista" derrotado, não havia razão para a direita o considerar uma data digna de grandes comemorações (os republicanos comemoram o 5 de Outubro, não as datas das fracassadas revoltas monárquicas) - quando muito seria de esperar que a direita comemorasse era mas a Assembleia do MFA em Tancos (em Setembro), que afastou Vasco Gonçalves (e, na prática, o PCP, que ficou reduzido a um ministro) do governo.

Ou talvez seja como o Jaime Neves diz ("a verdade está aí pelo meio").

2 comments:

Luís Bonifácio said...

O 25 de Novembro não foi a data na qual a democracia começou em Portugal (As eleições de 25 de Abril de 1975 foram as mais livres e as mais participadas da história), mas foi a data simbólica na qual cessaram as ameaças totalitárias, de esquerda e direita.

Rui Fonseca said...

Com o 25 de Novembro terminou a autogestão do manicómio em que Portugal se havia tornado.

Melo Antunes, que ninguém ousará colocar à direita, foi um dos raros militares que soube manter a ponderação necessária para terminar com o forró.

O 25 de Novembro não foi de esquerda nem de direita, foi de elementar bom senso.