Penso que a questão "a Venezuela é uma democracia?" está à beira de solução.
Se o "Sim" (não me perguntem qual é a diferença exacta entre o "Sim-Sim" e o "Sim-Não") ganhar, o reforço dos poderes presidenciais equivalerá a uma ditadura virtual (o presidente poderá nomear vice-presidentes para as províncias, ultrapassando os governos eleitos; poderá suspender a liberdade de imprensa e as garantias processuais, se proclamar o estado de emergência, etc.). Ou seja, mesmo que hoje a Venezuela seja uma democracia, dificilmente o continuará a ser na segunda-feira.
Inclusivamente por uma razão: em caso de vitória do "Sim", haverá sempre alas da oposição que irão gritar "fraude!" (haja ou não fraude) e daí aos tumultos de rua será um saltinho; nesse clima de instabilidade, é natural que seja proclamado o estado de emergência, e daí, das duas uma:
- Ou Chavez passa a governar sob uma espécie de lei marcial (ou seja, uma ditadura de facto, ainda que originalmente eleito)
- Ou os sectores conservadores do exército, nessa situação, afastam Chavez e assumem o poder e, aí, temos uma ditadura às claras
Assim, provavelmente a escolha será entre duas ditaduras: ou uma ditadura populista-nacionalista, à maneira de Perón, Velasco Alvarado ou dos primeiros tempos do PRI mexicano, ou uma ditadura oligárquica-reaccionária, à maneira de Pinochet, Castillo Armas ou dos militares brasileiros de 1964.
Por outro lado, se ganhar o "Não", aí a questão está resolvida: a Venezuela é, sem dúvida, uma democracia (já que isso significará que as eleições são suficientemente livres e justas - caso contrário, como poderia o "Não" ganhar?).
Se o "Sim" (não me perguntem qual é a diferença exacta entre o "Sim-Sim" e o "Sim-Não") ganhar, o reforço dos poderes presidenciais equivalerá a uma ditadura virtual (o presidente poderá nomear vice-presidentes para as províncias, ultrapassando os governos eleitos; poderá suspender a liberdade de imprensa e as garantias processuais, se proclamar o estado de emergência, etc.). Ou seja, mesmo que hoje a Venezuela seja uma democracia, dificilmente o continuará a ser na segunda-feira.
Inclusivamente por uma razão: em caso de vitória do "Sim", haverá sempre alas da oposição que irão gritar "fraude!" (haja ou não fraude) e daí aos tumultos de rua será um saltinho; nesse clima de instabilidade, é natural que seja proclamado o estado de emergência, e daí, das duas uma:
- Ou Chavez passa a governar sob uma espécie de lei marcial (ou seja, uma ditadura de facto, ainda que originalmente eleito)
- Ou os sectores conservadores do exército, nessa situação, afastam Chavez e assumem o poder e, aí, temos uma ditadura às claras
Assim, provavelmente a escolha será entre duas ditaduras: ou uma ditadura populista-nacionalista, à maneira de Perón, Velasco Alvarado ou dos primeiros tempos do PRI mexicano, ou uma ditadura oligárquica-reaccionária, à maneira de Pinochet, Castillo Armas ou dos militares brasileiros de 1964.
Por outro lado, se ganhar o "Não", aí a questão está resolvida: a Venezuela é, sem dúvida, uma democracia (já que isso significará que as eleições são suficientemente livres e justas - caso contrário, como poderia o "Não" ganhar?).
1 comment:
"Por outro lado, se ganhar o "Não", aí a questão está resolvida: a Venezuela é, sem dúvida, uma democracia"
Um bocado simplista,não? Como o MMadeira sabe, existem n critérios para distinguir uma democracia de uma ditadura.
Regista-se o seu "sem dúvida"..
Post a Comment