Saturday, November 24, 2007

Venezuela, "mas", "ferraduras", etc.

Como seria a reacção do pessoal que tanto critica os "mas" e os "cravos e ferraduras" nas análises sobre a Venezuela neste cenário hipotético:

Imagine-se que a principal (em termos de força social) oposição ao projecto constitucional de Chavez era, não a do centro e da direita, mas a do "Movimento para a Construção do Partido dos Trabalhadores" (politicamente, está uns milímetros à direita da Ruptura/FER portuguesa), que o acusa de "preservar a propriedade privada e o estado burguês" e que defende que "todos os meios de produção e serviços estratégicos sejam expropriados e postos sob o controle democrático dos trabalhadores", que "os trabalhadores e o povo assumam directamente o poder através de um grande Conselho Nacional Operário, Comunitário e Camponês" e que a nova Constituição seja elaborada por "uma nova Assembleia Popular Livre e Soberana com delegados dos trabalhadores, camponeses, comunidades, estudantes, soldados...".

Ou então, que eram os anarquistas, que consideram que o objectivo da reforma constitucional é consagrar "a propriedade mista entre o Estado e o capital privado [e assim] entregar a soberania às multinacionais e aos governos estrangeiros"[pdf].

Imagine-se que o Estado "chavista" recorria à repressão contra a oposição pela esquerda (como tem feito).

Como é que atlanticos, insurgentes, blasfemos e afins comentariam uma situação dessas? Aposto que também seria muito no formato "o lado A é mau, mas o B também não é melhor".

6 comments:

Rui Fonseca said...

A IMPORTÂNCIA DE SE CHAMAR STALIN

"As Venezuelan President Hugo Chávez attempts to push through what he calls 21st-Century Socialism, his biggest obstacle is an army of students led by a leftist named Stalin.

Ivan Stalin González, who prefers to be called just plain Stalin, is president of the student body at the Central University of Venezuela, or UCV, Venezuela's biggest public university. During the past few weeks, Mr. González and other student leaders here have organized protest marches by tens of thousands of students opposed to a constitutional referendum set for Dec. 2. The proposed changes would dramatically expand Mr. Chávez's power ..."

http://online.wsj.com/article/SB119586925917802724.html?mod=todays_us_nonsub_page_one

Miguel Madeira said...

Pelos vistos, é um nome muito popular na Venezuela - há também um sindicalista pró-chavez (trotskista, ainda por cima) chamado Stalin Perez Borges.

Miguel Madeira said...

Pelo que vejo, esse Stalin Gonzalez deve ser da Bandera Roja (uma espécie de UDP local); aliás, já tinha lido uns textos chavista a acusarem a BR de estar a "desestabilizar as universidades".

Bem, pelos vistos, talvez desminta a minha tese - temos uma oposição ao Chavez dinamizada por esquerdistas e ninguém à direita se põe com "mas" por causa disso

Anonymous said...

Caro Miguel Madeira a FER é assim tão, tão esquerdista não me parece. A organização até criou uma tendência com independentes: Luta socialista no BE.

Miguel Madeira said...

De qualquer forma, a distancia entre a FER portuguesa e o "PT" venezuelano será apenas de milímetros: a primeira pertence à "Liga Internacional dos Trabalhadores" e o segundo à "União Internacional dos Trabalhadores", uma dissidência da LIT.

O meu critério para considerar a FER mais à esquerda que o "PT" venezuelano (ou a LIT mais à esquerda que a UIT): é que esse grupo venezuelano (então chamado "Partido Revolução e Socialismo") chegou a ponderar integrar o PSUV chavista (mas mudou de ideias por causa da autonomia sindical), enquanto a LIT desde sempre que acusa o chavismo de ser um regime "burguês" (ver os textos deles sobre a Venezuela).

[Eu até fui delegado à Convenção pela moção C - imagino que o José Manuel Faria seja o José Manuel Faria que falou durante a convenção - mas não aderi à nova tendência]

Anonymous said...

Sou sim, Miguel Madeira.

E conheço o Gil Garcia dos tempos do porto da altura da LST.