Tuesday, November 27, 2007

Ainda acerca da "sociedade do conhecimento"

Outra coisa que é frequente - com excepções - dizer-se a respeito da "sociedade do conhecimento" (ou da "economia do conhecimento", ou da "nova economia", ou o nome que estiver na moda na altura) é que exige pessoal "altamente qualificado" (fala-se muito em "vencer a batalha das qualificações" e coisas assim).

Mas que qualificações são precisas para mexer num computador? A maior parte das aplicações informáticas são perfeitamente acessiveis a uma pessoa com a 4ª classe (é verdade que é preciso aprender a mexer na aplicação, o que pode lever alguns meses, mas raramente é preciso algum conhecimento prévio - nomeadamente escolar - por aí além).

Se pensarmos, não nos utilizadores, mas nos programadores, aí já será preciso um bocadinho mais de habilitações (nomeadamente, dá jeito dominar numeros fraccionários e negativos), mas não muito - acho que uma pessoa com o 7º ano está mais que habilitada a aprender uma linguagem de programação.

Então porquê tanta insistência nas "qualificações"? Penso que é porque os gurus que falam na televisão e nos jornais, por regra, estão ao serviço de um projecto politico (seja ele qual for), e a conversa "é preciso profissionais qualificados para mexer nas novas tecnologias" é mais passivel de utilização "politica" do que a conversa "uma pessoa com a quarta classe domina um computador em três tempos":

- à esquerda, serve para defender um maior investimento estatal na educação e na formação profissional (e, devido à relação entre a pobreza e o insucesso escolar, um maior investimento em politicas sociais em geral)

- à direita, serve para justificar as desigualdades socias crescentes, com o argumento de que, como o trabalho qualificado é mais necessário, é natural que a diferença salarial aumente

Já a posição "uma pessoa com a quarta classe mexe num computador" dificilmente vejo como possa servir de base a um discurso politico (só se for usado na defensiva, para refutar o discurso adversário).

2 comments:

Anonymous said...

Insucesso e Abandono Escolar

Este Governo, na sequência que foi o trabalho dos anteriores do pós 25 de Abril, está empenhado em reduzir o insucesso e o abandono escolar, para que a curto prazo os jovens portugueses possam ser possuidores do 12.º ano de escolarização, podendo assim constar, orgulhosamente, nas estatísticas da população mais qualificada de EU.

O Governo deverá empenhar-se em implementar diversas medidas visando eliminar o desinteresse e o abandono escolar e evitar que os jovens sejam obrigados a repetir o mesmo ano.

O Caminho é:

1.º) As actividade escolares deverão ter uma maior componente lúdica com recurso aos computadores, por exemplo;
2.º) Deverão desenvolver-se as visitas de estudo que deverão incluir visitas a todas as capitais de Distrito, centros de lazer e até à nossa vizinha Espanha, ao Brasil e à EU;
3.º) As faltas ocasionalmente dadas pelos alunos às aulas não devem contar para a passagem ou não de ano;
4.º) Os conhecimentos académicos a ministrar deverão ser simplificados para que todos os jovens, incluindo os menos dotados, possam acompanhar a aprendizagem das matérias a ministrar;
5.º) Baixar nível de exigência para que possam mais facilmente transitar de ano;
6.º) Reduzir o número de exames a que os jovens estão sujeitos. Dentro de poucos anos pretende-se mesmo eliminá-los, ficando os jovens com a garantia de que ao fim dos 12 anos de escola obtêm o 12.º ano de escolaridade.

Afinal a escolaridade mínima é em breve o 12.º ano e por isso será a necessária para a obtenção de uma carta de condução automóvel ou para o desempenho de qualquer profissão, por mais modesta que seja: carteiro, telefonista, distribuidor de publicidade, de bilhas de gás, arrumador de automóveis no barco que atravessa o rio, etc...As profissões menos qualificadas são na realidade aquelas em que há mais empregos disponíveis em Portugal e é a imigração que nos tem valido.

A verdade é que no futuro os jovens sairão da escola, passados 12 anos, com um nível de conhecimentos muito baixo e sobretudo muito pouco consistente, menos consistente do que a obtida com a antiga 4.ª classe, mas o que realmente interessa são as estatísticas e o facto de todos os jovens possuírem o 12.º ano e determinante na projecção da nossa imagem no exterior

Quanto aos outros alunos, aqueles que querem seguir os estudos, terão que aproveitar muito bem o ensino público (?) ou ir por outras vias. Os pais mais interessados saberão quais e se encarregarão de os encaminhar.

Zé da Burra o Alentejano

Anonymous said...

Outro dos chavões ridículos. Bom post!