Monday, December 26, 2005

Terrorismo, Esquerda e Direita (I)

Henrique Raposo, no post "Natal terrorista e a ferrugem esquerdista" (que, num comentário, me foi indicado pela Sabine) afirma (penso que na sequência das declarações de Ribeiro e Castro) que "É verdade. Sim, o terrorismo – como arma política – foi inventado pelos jacobinos, continuado por anarquistas (sobretudo russos), foi a táctica de Lenine, foi a arma do terrorismo à la nova esquerda dos anos 70."

Em primeiro lugar, HR joga um bocado com a palavra "terrorismo": o "terrorismo" dos jacobinos não é aquilo a que modernamente se chama "terrorismo". No contexto da Revolução Francesa, "terrorismo" significava a ideia de que o Governo deve governar através do "Terror" (i.e., através de uma repressão sem contemplações para com os "contra-revolucionários"). Hoje em dia, aquilo a que chamamos "terrorismo" é o uso de assassínios, atentados, etc. com fins políticos (quase nunca se chama "terrorista" a um governo só por este ser repressivo).

Mas, para já, vamos aceitar as regras de HRaposo, e ver se o "terrorismo", mesmo no sentido jacobino ("Governo através do Terror") foi inventado pela Esquerda. Não é preciso procurar muito para descobrir que não: p.ex., no principio da Revolução Francesa, os exércitos estrangeiros que haviam invadido a França ameaçaram destruir completamente Paris se esta não se submetesse ao Rei.

Recuando no tempo, muito antes de haver "Esquerda" e "Direita", o que mais encontramos são governos que afirmavam o seu poder através de chachinas em massa (é só ler uma história de Roma...). Ou seja, "Governo através do Terror" há milhares de anos que existe e, seguramente, não foi inventado pela "Esquerda".

Claro que isto é um bocado "conversa de chacha": quando se fala em "terrorismo", ninguém está a pensar em "Governo através do Terror", mas no sentido moderno da palavra. É isso que vou discutir no próximo post.

1 comment:

João Pedro said...

Outro bom exemplo para o "governo do terror" antes da Revolução Francesa é o de "Ivan, o Terrível", que não raras vezes resolvia fazer uns banhos de sangue entre o seu povo.