Sunday, January 04, 2009

Causa e Consequência

As recessões não têm lugar porque as pessoas desatam a acumular moeda debaixo do colchão ("hoarding") sem a investir ou consumir (coisa aliás que hoje em dia, dado que os depósitos à ordem constituem capacidade de crédito não o erradamente temido "hoarding", aparentemente nenhum efeito teria no nível geral de investimento).


As pessoas deixam é de querer mais crédito (que tem lugar por criação monetária pelo sistema bancário) para investir e consumir, porque tem lugar o arrebentamento de uma bolha de expansão artificialmente induzida por criação monetária em vez de poupança prévia real e voluntária.

E depois com a expectativa de descida de preços (imobiliário, acções, etc) e recessão, sim querem aumentar o nivel de depósitos à ordem como segurança (é verdade que existe quem tenha levantado notas e as guarde em casa).

O problema é que como a expansão foi artificialmente financiada por criação de crédito e a moeda correspondente (sob a forma de DO), quando os créditos concedidos pelo sistema bancário desaparecem (o seu activo, os créditos concedidos passam a "mal parados" porque não são pagos pelos credores), o stock de DO mantém-se (o seu passivo), e as pessoas muito acertadamente apercebem-se que os Bancos podem deixar de ter moeda suficiente para fazer face a um possível pedido de transferência (ou levantamento de notas) para outro Banco.

A solução preconizada é então os Bancos Centrais "injectarem" mais moeda nos Bancos (emprestando dinheiro, comprando os seus activos, etc)  e incentivarem ainda mais "crédito" (quer aos particulares quer para o Estado aumentar a despesa pública).

No final da linha, a tendência é para existir um único Banco Central monopolista dado que nestas condições deixa de existir risco de pedido de transferências para outros bancos e todo o crédito que seja necessário pode ser simplesmente fabricado (não sei porque não o implementar já, era mais claro para todos) sem ter o Banco Central primeiro que injectar novas reservas no sistema financeiro e depois esperar que os Bancos o multipliquem ao criar DO para conceder crédito.

Observem que toda a história de soluções novas e reformas do sistema monetário daqui para a frente será constituida por pequenos passos nesta direcção. Os Bancos Centrais já estão a financiar directamente carteiras de crédito e títulos de curto prazo de empresas.

1 comment:

Rui Fonseca said...

"...toda a história de soluções novas e reformas do sistema monetário daqui para a frente será constituida por pequenos passos nesta direcção."

Não digo não.

Mas a reforma do sistema monetário é (deve ser) uma consequência do sistema financeiro.

A reforma do sistema financeiro passa por obrigações específicas que evitem a repetição das situações de produção e distribuição da venda de logros;
a penalização severa dos infractores; a separação de águas entre bancos que têm operações de offshores daqueles que as não têm.

Se há uma lei que separa os espaços de fumadores e não fumadoras porque não uma lei que separe os bancos que têm negócios offshore dos que estão limpos?

Se a extinção de offshores não é possível qual a impossibilidade de um cliente saber com quem lida?