Hoje, a SIC terminou a sua emissão transmitindo, por ordem da ERC, uma nota de resposta do "Club Midas Prestige", repudiando umas noticias que a SIC transmitiu sobre essa empresa há 2 anos.
Assim, aproveito para narrar o meu relacionamento com essa entidade (que, no essencial, condiz com a noticia de SIC - eu lembro-me bem dessa noticia, ainda que tenha sido há 2 anos: quando a vi, telefonei para várias de pessoas, dizendo
"É aquela empresa daquela história que contei!").
A 15 de Maio de 2001 estava em Lisboa e fui abordado no Rossio por um indivíduo que me fez um pequeno inquérito (nome, profissão, etc.). Após tal, ele disse que trabalhava para os cartões “Midas”, e que queriam conhecer a minha opinião sobre o produto, pelo que teriam que me fazer uma pequena exposição sobre ele. Concordei (embora já imaginasse que era para me tentar vender qualquer coisa), de forma que fui levado a uma sala situada num 1º andar, ao que me parece, por cima da “Casa das Sandes” (a porta era mesmo ao lado da “Casa das Sandes”, do lado do Rossio).
Lá, fui submetido a quase 2 horas de conversa sobre o cartão “Midas” e a “Metropolis – Serviços e Comercialização de Cartões de Turismo, Lda.”, a empresa que emitiria tal cartão (fique também a saber a vida familiar da rapariga que me atendeu - que a família estava em Cabo Verde quando da descolonização, que o avô tinha ficado cego, etc.). Aparentemente, quem subscrevesse esse cartão teria direito a descontos em várias lojas, clínicas (incluindo a Clínica da Rocha, em Portimão), agências de viagens, etc. (foi-me mostrada uma lista das empresas aderentes ao cartão “Midas”).
Também havia uns anúncios gravados em vídeo com o Jorge Gabriel (embora tenha ficado com a ideia que em nenhum momento do vídeo o Jorge Gabriel falava no "cartão Midas").
O “cartão” teria 2 tipos de sócios: os sócios “Midas Prestige”, que são os que subscrevem nesse preciso momento, pagando 180 contos, os sócios “Midas”, que são os que subscrevem mais tarde, pagando 260 contos.
Eu (embora sabendo perfeitamente que a regra é sempre essa nessas coisas) pus-me a questionar porque é que, se não aceitasse já, teria que pagar mais 80 contos, ao que a rapariga me respondia com argumentos do género
"Para encomendar as estadias nos hotéis temos que saber logo quantos sócios teremos, por isso, quem se inscrever logo paga menos"; e eu, como achava que tal argumento não tinha jeito (afinal, não é por alguém se inscrever logo que sabem, à partida, se essa pessoa vai querer fazer alguma viagem e quando...), continuei a insistir. finalmente, a rapariga cansou-se e chamou o chefe.
Ele lá repetiu a mesma conversa, mas já com alguma agressividade, inclusivamente dizendo
"Aparecem aqui tantas pessoas que aceitam tornar-se sócias e outras tantas que não aceitam! Com quais é que eu tenho que me preocupar?" (eu pensei que ele, como "comercial", deveria se preocupar era com as pessoas que não querem comprar o seu produto - não me lembro se lhe disse), até que lá desistiu de me tentar tornar um sócio prestige, e lá me deu, pelo meu tempo, um talãozinho que dava 10 contos de descontos em viagens; perguntou-me qualquer coisa como
"portanto vai pensar, e se se decidir vem cá para se tornar sócio?", ao que eu respondi
"Vou pensar, e se me quiser tornar sócio, ponho-me a rondar o edifício, para me voltarem a abordar e assim conseguir ser sócio só pelos 180 contos" (resposta dele
"Deve pensar que nós somos estúpidos! Ponha-se já a andar daqui para fora!").
Assim vejo-me na posse de um vale (ainda o tenho algures) que daria direito a um desconto de 10 contos em viagens de mais de 120 contos na agência “Euragno”. Primeiro pensei “Não foi uma perda total – sempre ganhei 10 contos”, mas depois reparei numa passagem do vale que dizia “Agência exclusiva dos sócios Metropolis” (ainda que, no mesmo vale, mais abaixo, estivesse escrito “Metrópoles”, ou seja, a empresa usava duas ortografias distintas).
No dia a seguir (eu tinha umas provas para uma coisa qualquer no sábado e tinha estado em Lisboa em formação, logo tinha a Sexta-feira livre), decido ir esclarecer se tinha ou não direito ao desconto.
Desloquei-me à sede da empresa, indicada no vale – “Av dos Combatentes, Edificio Green Park, 43/43A-11A”. No Edificio Green Park, primeiro informaram-me que a “Metropolis” funcionava no 11º andar, no gabinete “D” (e não no “A”). Embora no “D” estivesse o nome de um banco, foi-me dito que a “Metropolis” também funcionava lá, mas que, por qualquer razão, tinham tirada as placas com o nome da parede (disseram-me também, que se não houvesse ninguém no “D”, para ir ao “B”, que “era a mesma coisa”). O “D” estava sem ninguém e no “B” foi-me dito que nada tinham a ver com a “Metropolis”, que antes funcionava ali mas que agora trabalhava na Almirante Reis.
Falei com outras pessoas no edifício que me disseram achar isso estranho, que tinham certeza que aquelas empresas (a do “B” e a do “D”) tinham o mesmo dono. Eu perguntei-lhes
"Mas isso é uma empresa normal, ou é uma empresa esquisita?", ao que me foi respondido
"É uma empresa esquisita - eu ainda não percebi o que essa empresa faz; acho que o dono é o dr. G..." [o "dr. G..." é um construtor civil que já esteve preso e que, uns meses antes, havia tentado candidatar-se à direcção de um clube de futebol, tendo a candidatura sido rejeitado por ter apresentado assinaturas falsificadas].
Depois, telefonei à Clínica da Rocha (que, como disse, estava na tal lista de empresas que dariam descontos com o “cartão Midas”) e foi-me dito que nunca tinham ouvido falar na “Metropolis” nem no “cartão Midas” (tinham era acordos com a Companhia de Seguros Metrópole e com o cartão Médis).
Telefonei à IGAE para saber o que fazer caso suspeitasse de uma fraude a decorrer e responderam-me para tentar "carrear provas" e escrever-lhes, assinando ou não. Fiz isso (sem assinar) mas não sei se me ligaram alguma coisa (este post foi escrito com a carta ao lado).
Note-se que este post é puramente informativo, com vista a informar os leitores do que fiz a 15, 16 e 17 de Maio de 2001 - não pretendo fazer qualquer acusação (do foro criminal ou ético) a ninguém...