Ali em baixo, Luis Pedro Coelho escreve:
As coisas vão aquecer na Venezuela.
A esquerda europeía vai garantir que nunca teve nada a ver com
aquilo.
Possivelmente. Mas quando (e se) isso acontecer, acho que será necessário distinguir entre a esquerda que já diz isso actualmente (como a ex-UDP, o Ruptura/FER ou, p.ex., o Daniel Oliveira) da que anda (ou andava até à pouco tempo) entusiasmada com o Alberto João Jardim do mar das Caraíbas "novo Bolivar" (como o PCP, o Mário Soares e mesmo, até certo ponto, o ex-PSR). Os primeiros terão muito mais autoridade para negarem ter algo a ver com o "chavismo" do que os segundos.
[Já agora, o mesmo vale para a direita: quando os "direitistas" dizem que a culpa da crise actual não é nada do liberalismo, mas sim do intervencionismo, dos juros "artificialmente baixos", da "promoção insustentável" da habitação própria, etc., esses argumentos - independentemente de estarem certos ou errados - soam melhor quando vêm de sectores estilo LewRockwell - que há anos andavam a dizer que a crise vinha aí - do que de sectores estilo National Review - que diziam que estava tudo bem]
4 comments:
1. Reconheço que já havia muitas críticas à esquerda a Chavez, mas também havia muito apoio.
2. Há dois grupos de pessoas que podem sentir que a crise actual mostra que eles tinham razão: os paleo-libertários (ainda agora no outro dia, li uma citação do Ron Paul em 2001 que é, em retrospectiva, bastante pertinente); e o Nassim Taleb (que é um grupo a si mesmo).
Os paleo-libertários têm pouco para contribuir. Tal como grande parte da extrema-esquerda, estão dispostos a sacrificar imenso crescimento económico pela estabilidade do sistema.
O Taleb tem mais para contribuir. Infelizmente, precisava de ser um pouco menos arrogante.
E os paleo-libertários não conseguem explicar os problemas da zona euro. A sua visão é totalmente US-centric.
O ECB era bastante mais conservador do que o Fed. E, afinal, é o euro que cai a cada dia que passa.
Grande parte das análises que culpam o sistema regulatório (por ser demasiado regulatório ou insuficientemente regulatório) não conseguem explicar porque é que diferentes sistemas regulatórios tiveram os mesmos resultados.
Ainda há dois meses, o Zapatero dava lições de moral, em como a Espanha tinha um sistema bancário tão mais bem gerido. Hoje, na zona euro, é pela Espanha que mais se teme.
*
A única explicação que culpa o sistema regulatório é culpar os acordos de Basel II que uniformizaram (em grande parte) os sistemas regulatórios internacionais.
Mas mesmo depois de Basel, as diferenças existem e, aparentemente, não tiveram grande impacto.
Em termos quantitativos o BCE também inflacionou.
Em termos de taxa de juro, por exemplo, a Espanha tem tido taxas de juro reais negativas há muito tempo e isso explica que a bolha de imobiliário tenha sido enorme, e desconfio que em Espanha ainda não vimos tudo.
O Euro não se pode queixar da sua subida mesmo com as recentes descidas, começa a 1,17 chega aos 0,85 sobe até aos 1,60 e agora está nos 1,29.
Bom post!
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