Luis Lavoura escreve "[é] normal alunos com esta idade, a idade em que as glândulas sexuais andam hiperativas, desrespeitarem os professores".
Este ideia de explicar os "desvios comportamentais" da adolescência pelas "glândulas sexuais", pelas "hormonas", etc. é muito popular, mas não sei será essa a razão principal.
Suspeito que o problema principal é que a chamada "adolescência" não existe verdadeiramente - repare-se, p.ex., que a cerimónia judia do Bar Mitzvah (que penso que assinala entrada na maioridade à luz da lei religiosa) ocorre aos 12/13 anos; e penso que em grande parte das sociedades tribais, os "adolescentes" têm um estatuto similar ao que os "jovens adultos" (18-30 anos) têm no mundo ocidental (descontando, claro, os casamentos combinados/forçados, sobretudo para as raparigas). E provavelmente o problema é esse - a sociedade atribuir o estatuto de "crianças" a indivíduos que durante para aí 90% da história e pré-história da Humanidade seriam considerados "adultos" (o que gera uma grande dissonância entre os papeis sociais que lhes são atribuidos e os que estão pré-programados geneticamente para desempenhar).
Outra forma (ou se calhar a mesma) de ver a coisa é que os adolescentes (e ainda mais os pré-adolescentes) já não têm idade para brincar (ou, pelo menos, já não se divertem tanto a brincar como as crianças) e ainda não têm idade para fazer coisas sérias - assim, fazer disparates acaba por ser a maneira de ocupar o vazio (o texto Why Nerds are Unpopular de Paul Graham tem algumas observações interessantes acerca desse "vazio" da adolescência).
Não se entenda deste post que eu defenda a passagem da idade da maioridade para os 14 anos ou coisa assim (fazendo um aparte por outras questões, diga-se que há uma coisa curiosa nesta questão da idade da maioridade e temas conexos: creio que, por norma, quem defende que se baixe a idade da responsabilização criminal é também quem defende que se chumbe por faltas no secundário, que as adolescentes só possam abortar com autorização paterna, etc.; não há aqui uma certa contradição lógica, tanto do lado que defende estas posições como do lado oposto?)
Este ideia de explicar os "desvios comportamentais" da adolescência pelas "glândulas sexuais", pelas "hormonas", etc. é muito popular, mas não sei será essa a razão principal.
Suspeito que o problema principal é que a chamada "adolescência" não existe verdadeiramente - repare-se, p.ex., que a cerimónia judia do Bar Mitzvah (que penso que assinala entrada na maioridade à luz da lei religiosa) ocorre aos 12/13 anos; e penso que em grande parte das sociedades tribais, os "adolescentes" têm um estatuto similar ao que os "jovens adultos" (18-30 anos) têm no mundo ocidental (descontando, claro, os casamentos combinados/forçados, sobretudo para as raparigas). E provavelmente o problema é esse - a sociedade atribuir o estatuto de "crianças" a indivíduos que durante para aí 90% da história e pré-história da Humanidade seriam considerados "adultos" (o que gera uma grande dissonância entre os papeis sociais que lhes são atribuidos e os que estão pré-programados geneticamente para desempenhar).
Outra forma (ou se calhar a mesma) de ver a coisa é que os adolescentes (e ainda mais os pré-adolescentes) já não têm idade para brincar (ou, pelo menos, já não se divertem tanto a brincar como as crianças) e ainda não têm idade para fazer coisas sérias - assim, fazer disparates acaba por ser a maneira de ocupar o vazio (o texto Why Nerds are Unpopular de Paul Graham tem algumas observações interessantes acerca desse "vazio" da adolescência).
Não se entenda deste post que eu defenda a passagem da idade da maioridade para os 14 anos ou coisa assim (fazendo um aparte por outras questões, diga-se que há uma coisa curiosa nesta questão da idade da maioridade e temas conexos: creio que, por norma, quem defende que se baixe a idade da responsabilização criminal é também quem defende que se chumbe por faltas no secundário, que as adolescentes só possam abortar com autorização paterna, etc.; não há aqui uma certa contradição lógica, tanto do lado que defende estas posições como do lado oposto?)
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