Monday, March 24, 2008

Ainda a propósito de tradição anti-war

Uma coisa pode-se concluir - na primeira metade do século XX, a oposição às guerras dos EUA vinha de politicos que, embora ligados a "partidos do sistema", de vez em quando concorriam por "3º partidos" - esse é o currículo, tanto de Charles Lindberg Sr (Republicano, mas que se passou para o Farmer-Labor Party) como de Burton Wheeler (Democrata, mas que foi candidato pela Non-Partisan League e pelo Progressive Party); podemos também ir buscar os La Follette (que oscilavam entre os Republicanos e os Progressistas)

Diga-se, aliás, que o FLP e a NPL eram basicamente a mesma coisa - partidos estaduais (do Midwest e arredores) formados pela aliança entre os movimentos de agricultores e os sindicatos operários (a NPL funcionava sobretudo nos Dakotas e em Montana e o FLP no Minnesota); nos anos 40/50, fundiram-se com o Partido Democrata (o nome oficial dos Democratas no Minnesota é Minnesota Democratic-Farmer-Labor Party e no North Dakota é North Dakota Democratic-NPL Party).

Mas talvez haja aqui um continuidade geográfica curiosa - Charles Lindberg Sr., Minnesota; Burton Wheeler, Montana; familia La Follette, Winsconsin (poderiamos juntar os Dakotas, o território da NPL); nos anos 60/70, olhe-se para os candidatos Democratas anti-guerra do Vietnam - Eugene McCarthy, Minnesota e George McGovern, South Dakota; a respeito do Iraque, penso que o senador Democrata mais anti-guerra tem sido Russ Feingold, Winscosin. Passando para os Republicanos, parece que Ron Paul, este ano, também teve bons resultados por essas bandas (e o senador Chuck Hagel, que durante algum tempo também se opôs à guerra do Iraque, é do Nebraska, que também anda lá perto).

Por outro lado, em 1968, o candidato Democrata pró-guerra do Vietnam, Hubert Humphrey (que derrotou na McCarthy na convenção que inspira a actual banda sonora deste blog), também era do Minnesota, o que talvez deite completamente por terra esta minha hipótese geográfica.




(mapa feito a partir deste)

3 comments:

Dalaiama said...

Quando encontrei este blog o nome Charles Lindberg trouxe-me a doce recordação de infância de ter construído um modelo do Spirit of Saint Louis, o primeiro aeroplano que atravessou o Atlântico. Para aguentar a travessia, dada a tecnologia da época, chegou a transportar combustível dentro das asas. Foi pilotado por um Charles Lindbergh, mas pode não ser o mesmo...

Dalaiama said...

É verdade, ia esquecendo de dizer que apreciei a sua interessante leitura das coisas. A tese geográfica é curiosa. Se bem que não alimento grandes ilusões acerca da ambição continuadamente imperial por parte dos EUA como um todo, nem dos seus líderes políticos em particular.
Um predador é sempre um predador. Deixe-se um lobo junto às galinhas e, morda mais ou morda menos, haverá sempre sangue a escorrer-lhe dos dentes.
Felicidades para si!

Miguel Madeira said...

"Foi pilotado por um Charles Lindbergh, mas pode não ser o mesmo..."

É o filho do Charles Lindberg deste post (e era um dos dois Charles Lindbergs deste outro post)