Joaquim do Portugal Contemporâneo escreve "Deste modo, Menezes estabeleceu uma implícita relação de causalidade entre a pobreza e o crime que, com o devido respeito, não passa de uma opinião pessoal pouco fundamentada. (...) Uma coisa é certa, há muito pouca relação entre a criminalidade e a pobreza. As estatísticas demonstram que há cerca de 50 anos a percentagem de pobres era muito superior à de hoje e a criminalidade era muito inferior. Acresce ainda que muitos estudos sociológicos efectuados em zonas particularmente pobres não evidenciaram maior criminalidade (...) Os factores que mais estão associados ao crime são as drogas, a falta de repressão policial e a tolerância judicial."
Pelo menos uma relação entre crime e desigualdade pode ser demonstrada, tanto empírica como teoricamente. O blogger norte-americano "Audacious Epigone" (aviso: é um blogue de extrema-direita!) fez um cálculo sobre quais os factores que mais afectam a taxa de criminalidade dos países - desigualdade económica, liberdade económica, PIB PPP p.c., QI médio e idade mediana entre os homens. Resultado:
Do ponto de vista teórico, faz todo o sentido - quanto maior for a diferença entre o dinheiro que um potencial criminoso tem e o dinheiro que as suas potenciais vitimas têm, maior o incentivo (mantendo tudo o resto igual) para se passar do crime potencial ao real (ver este post do economista Chris Dillow).
Agora há aqui um dado importante: eu estou a misturar alhos com bugalhos. O que se estava a discutir é se a pobreza gera criminalidade, não se a desigualdade gera criminalidade; no entanto, a curto prazo, penso que as duas coisas estão muito ligadas (mesmo a longo prazo, acho que podemos dizer que um aumento da pobreza costuma estar associado a um aumento da desigualdade, mesmo que a inversa não seja necessariamente verdadeira). E, se definirmos "pobreza" no sentido de "pobreza relativa" (conceito que eu, para falar a verdade, não gosto muito), então "pobreza" e "desigualdade" são praticamente a mesma coisa.
Pelo menos uma relação entre crime e desigualdade pode ser demonstrada, tanto empírica como teoricamente. O blogger norte-americano "Audacious Epigone" (aviso: é um blogue de extrema-direita!) fez um cálculo sobre quais os factores que mais afectam a taxa de criminalidade dos países - desigualdade económica, liberdade económica, PIB PPP p.c., QI médio e idade mediana entre os homens. Resultado:
All five of the factors correlate expectantly with the rate of mugging. A nation's level of economic equality (.70), level of economic freedom (.50), higher purchasing power (.61), higher average IQ (.52), and older male population (.59), all reduce the likelihood of a denizen being mugged. That these relationships are robust isn't surprising--the attributes are all measures that characterize the first-world on the 'high' end and the third-world on the 'low' end.Apesar das suas posições ideológicas, imagino que os cálculos estejam correctos (na verdade, quando um direitista faz um cálculo que indica que a desigualdade causa crime, até confio mais do que se for um esquerdista) mesmo que discorde totalmente das implicações politicas que o autor vê nos números.
But when each factor is looked at with the other four being controlled for, economic equality is the only one that retains statistical significance (p<.01), losing less than one-fifth of its stand-alone 'explanatory' power. The other factors do not even come close. Their coefficients all approach zero with the lowest p-value at .37. In fact, estimated IQ and median male age actually correlate inversely with mugging rates. Botswana is an outlier of this trend, with considerable wealth inequality but a relatively low mugging rate. I imagine this has something to do with lots of security for the diamond interests that have all the money, as well as low population density. If it is removed from the analysis, the gini-mugging correlation increases to .76.
Do ponto de vista teórico, faz todo o sentido - quanto maior for a diferença entre o dinheiro que um potencial criminoso tem e o dinheiro que as suas potenciais vitimas têm, maior o incentivo (mantendo tudo o resto igual) para se passar do crime potencial ao real (ver este post do economista Chris Dillow).
Agora há aqui um dado importante: eu estou a misturar alhos com bugalhos. O que se estava a discutir é se a pobreza gera criminalidade, não se a desigualdade gera criminalidade; no entanto, a curto prazo, penso que as duas coisas estão muito ligadas (mesmo a longo prazo, acho que podemos dizer que um aumento da pobreza costuma estar associado a um aumento da desigualdade, mesmo que a inversa não seja necessariamente verdadeira). E, se definirmos "pobreza" no sentido de "pobreza relativa" (conceito que eu, para falar a verdade, não gosto muito), então "pobreza" e "desigualdade" são praticamente a mesma coisa.
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