Thursday, March 27, 2008

Ciência política e extraterrestres

Este post do André Abrantes Amaral na Atlântico

"(...) Não disse que se devem derrubar, sem mais nada, governos anti-democráticos. Apenas que, sendo o actual regime iraquiano democrático e legítimo, talvez fosse tempo de a esquerda (e também o Daniel) se congratular com o facto e reconhecer que tal se deveu à intervenção militar anglo-americana.

Ou não foi?"

Originou este meu comentário (editado):

"actual regime iraquiano democrático e legítimo"

Isso pode ter nuances. Se o regime não é auto-sustentável e apenas permanece com a presença de 160 000 soldados estrangeiros que foram lá ter violando as regras estabelecidas em Nuremberga, a expressão legítima parece-me forçada.

Vamos imaginar o seguinte cenário:

Uma civilização extra-terrestre sem dúvida mais "avançada", invadia o planeta com uma ocupação de digamos uns bons milhões de soldados e impunha uma democracia mundial, com governo mundial, etc, esmagando qualquer pretensão de Estados Nacionais (a que propósito? sei lá, para acabar com o estado de anarquia internacional, a bem dos direitos dos animais e o ambiente, etc, talvez o neo-conservadorismo seja uma doença universal...).

Esse governo seria "democrático" e "legítimo"?

Nã me parece de todo.

Se quiserem comentar até agradecia.

3 comments:

Miguel Madeira said...

Se o Irving Kristol não viesse do trotskismo-schachtmanismo mas sim do trotskismo-posadismo, talvez concordasse

Luís Bonifácio said...

Pois é existem verdades inconvenientes.
Neste caso foram as eleições com uma taxa de participação de fazer inveja a ... Portugal.

O governo actual emana da assembleia constituída a partir dessas eleições.

Por isso o governo iraquiano é perfeitamente legítimo. Digo mais, mais legítimo que o governo chinês, da Coreia do Norte, da Síria, etc.

Agora, o facto de estar alicerçado no voto popular não quer dizer que consiga sobreviver aos terroristas.

No fundo é como Allende. O voto popular contou pouco perante as armas de pinochet

CN said...

Então, diga-me lá.

Legitimo em que sentido?

No sentido em que no caso do governo mundial eleito em eleições mundiais impostas pela força seria "legitimo" e eu teria de lhe obedecer como tal?

E todos que o combatessem e guerrilha seriam terroristas?